Tuesday, September 9, 2008

porque os arquitetos nunca se aposentam?

vale a pena ler o divertido artigo de Witold Rybczynski (professor da University of Pennsylvania) sobre a longevidade dos arquitetos que saiu essa semana na Slate.

Rybczynski nos lembra que Corbusier projetou Ronchamp aos 63 anos, Louis Kahn projetou o Salk Institute aos 64, Gehry desenhou Bilbao aos 68 e que Frank Lloyd projetou seu Guggenheim bem depois dos 80.

Rybczynski não citou o nosso Oscar mas vale perguntar: será que algum projeto dele das últimas décadas vai ficar para a história como os acima citados ou vamos sempre nos lembrar que nosso arquiteto maior desenhou Pampulha aos 34 anos?

8 comments:

Anonymous said...

Bom, em defesa do velho, o problema é começar a carreira com a Pampulha, não? Mas piada a parte, coincidentemente depois da queda do muro de Berlim, sua produção se tornou tão decrepta quanto sua ideologia.E vem piorando.
Estive em Curitiba mês passado, e fui conhecer o Eye Wide Shut. Meu Deus. Can we have our money back?

Marco Antonio Souza Borges Netto - Marcão said...

Um intercambista de passagem no Brasil anos atrás- acho que ele era de Suécia - brincou que "o arquiteto que projetou Brasília usou o ctrl c ctrl v na Pampulha".

Na época, com 17 anos, nem dei muita confiança. Hoje essa frase me faz refletir. Seria um elogio, tendo em vista que vemos uma "ideologia", uma "identidade", um "propósito" nas obras de Niemeyer ou seria uma crítica dizendo que o arquiteto foi "preguiçoso".

Será que a arquitetura deve ter a assinatura do arquiteto, do "estilismo"? Batemos o olho e logo percebemos quem projetou. Ou não? Ou talvez? Ou depende?

Marco Antonio Souza Borges Netto - Marcão said...

Tomara que arquitetos vivam muito. Ainda mais eu que formarei com 30 e poucos anos. "Architecture is a delicate balancing act between practicality and artistry, and it takes a long time to master all the necessary technical skills as well as to learn how to successfully manipulate the thousands of details that compose even a small building". Tenho que chegar lá.

Fernando L Lara said...

Marcao,

eu acho que o Niemeyer estava muito a frente do seu tempo nos anos 40 e 50. O estilo pessoal dele virou moda 30 anos depois, todo Libeskind se parece com outro Libeskind e todo Gehry se parece com outro Gehry. Ate ai tudo bem. Minha frustracao com o genio centenario eh que ele se desfez da equipe fantastica que tinha ate os anos 60 e hoje seus projetos sao pessimamente detalhados e muito mal executados. Por isso nada que ele fez depois dos anos 80 vai chegar aos pes do Casino e da Capela da Pampulha.

Anonymous said...

Pois é, melhor lembrar dele antes, pois hoje a situação é complicada. Acho melhor entende-lo por sua grande contribuição a arquitetura, como todos os arquitetos que você citou tiveram. E concordo contigo que uma equipe de valor ajuda muito na hora do projeto.

Anonymous said...

Apersar de concordar, Fernado, que a qualidade técnica desabou nesse intervalo, não é isso que se tornou o problema. O problema é de ordem estéticas.

A ultima dezena de obras do niemeyer são monstros horrendos, pesados, tortos, e o que mais me incomoda, pós-modernos - com seus rabiscos e citações - e se não fossem da assinatura dele jamais seriam construídos.

Só em um país sem crítica isso é possível.

Fernando L Lara said...

Tenho de concordar Alberto que o abandono do detalhe é só uma parte da história. Alguns dos projetos são monstruosos mesmo mas são poucos os que tem coragem de falar disso em público.

Anonymous said...

Olá, Fernando,

Muito legal a maneira como abordou o assunto. Seu texto ficou leve e rico em detalhes, ao mesmo tempo. Parabéns!

Mas, depois de lê-lo, fiquei com uma dúvida: se o investidor imobiliário não fosse ex-aluno de Timberlake, será que este projeto tinha rolado?