Monday, January 25, 2010

BRASÍLIA turns 50 / BRASÍLIA 50 anos

a semana vai ser intensa por aqui. Na quinta-feira dia 28 teremos a inauguração do grupo LAMA de pesquisa em arquitetura moderna e contemporânea na América Latina, e na segunda dia 1 a primeira palestra da série sobre os 50 anos de Brasilia.



the week will be busy over here. On Thursday Jan 28 we will inaugurate LAMA, Latin American Modern Architecture research group here at UTSOA. And this semester, besides Angelo Bucci visiting and the 2nd Latitudes conference we will have the lectures in celebration of Brasilia's 50th anniversary

on April 21, 2010, Brasília will celebrate its 50th anniversary. In those five decades, the city has been praised as the embodiment of hope and criticized as the materialization of despair. Angel Rama called it “the most fabulous dream in the new continent,” while Marshall Berman described it as “one of the most dismal cities in the world.” Somewhere between the utopian ideals and the dystopian exaggerations lies the truth about what Brasília represents for the continent and for the world.

Come join the discussion as Brasília turns 50.
All events on mondays at 5pm, Goldsmith Hall 3.120
Free and open to the public.

feb 1 James Holston
UC Berkeley

feb 22 Frederico Holanda
Univ. de Brasília

mar 1 roundtable
Fred Holanda, Barbara Hoidn, Peter Ward

mar 29 Ana Tostões
Univ. Tecnica de Lisboa

Sponsored by The University of Texas at Austin School of Architecture and the Lozano Long Institute for Latin American Studies

Monday, January 18, 2010

architecture is more visible when it fails



em tempos de extensa virtualidade a arquitetura é mais presente quando não funciona, quando as luzes se apagam, ou descem as encostas, ou a terra treme.


na verdade a fragilidade da vida nem precisa do colapso da arquitetura para se revelar, basta um único tijolo caindo do andar de cima. De repente a arquitetura se faz fragilíssima diante da natureza, levando consigo várias vidas e deixando pra trás a insuportável consciência de seu peso, sua matéria, sua gravidade.


um dos artigos meus de que mais me orgulho trata disso e pode ser lido aqui ou aqui: a arquitetura é mais visível quando falha.


mas para não ficar só lamentando a fragilidade e a irrelevância da arquitetura deixo aqui dois argumentos em contrário.


Martha Skinner e Doug Hecker deixaram de ficar apenas desenhando containers servindo de habitação popular e puseram a mão na massa (ou na lata), cortando, pintando e remendando um container pra provar que a idéia é viável. E sabe onde está um dos maiores depósitos de containers aposentados nas Américas? No Haiti que importa mais do que exporta e por isso tem um superávit de containers.


do outro lado do mundo John Scott-Railton (quem eu tive a honra de ter como orientando) levou alguns GPSs para o Cambodja e junto com uma ONG local mapeou uma comunidade que o governo queria expulsar. De posse do mapa (desenho é poder sim, não nos esqueçamos) o grupo tem conseguido uma posição muito melhor na negociação.


a arquitetura é sim quase sempre invisível até o ponto de rompimento, quando se torna pesada e dura,


mas não irrelevante.



in times of intense virtuality architecture is more present when it doesn’t work, when the lights are off, when the mudslides come down or when the earth shakes.


in fact, life’s fragility doesn’t even requires architecture’s collapse to reveal itself, all it needs is a loose brick from the floor above. Suddenly architecture becomes extremely fragile in face of natural forces, carrying with it’s failure several lives and leaving behind the unbearable awareness of its weight, its materiality, its gravity.


one of my favorite pieces talks about the fact that architecture is more visible when it fails (it can be read here or here)


but instead of lamenting the frailty and the irrelevance of architecture I leave here two arguments for the contrary.


Martha Skinner and Doug Hecker decided that architects should stop drawing emergency houses made out of shipping containers and went one step ahead: cutting, painting and patching an old container to prove it can be used as affordable, durable and ready-made houses. And guess where are the largest number of retired containers in the Americas: in Haity, a country that imports more than exports and therefore has a surplus of shipping containers.


and in the other side of the world John Scott-Railton (whom I once had the honor of advising) took a few GPS units to Cambodia and helped a local NGO produce a map of a shanty town that was under the threat of being evicted. The threat is still there but armed with only a map (yes, drawing is power, we should never forget that) is now in a much better position to negotiate.


architecture is very much invisible until it fails and becomes hard and heavy,


but it is not irrelevant



Monday, January 11, 2010

santiago perez

eu queria estar em Salvador esta semana para participar do juri do concurso do Teatro Castro Alves mas como não pude me livrar de compromissos acadêmicos aqui no Texas cá estou eu pensando em formas de juntar fabricação digital, sustentabilidade e sensibilidade social no mesmo projeto.


nesse sentido vale a pena conhecer o trabalho de Santiago Perez aqui em Houston que busca exatamente isso: usar as tecnologias digitais de forma a resolver de forma sustentável o problema da habitação. Veja tambem a parceria de Santiago com Bill Massie que já foi assunto aqui no parede.



I would rather be in Salvador this week working as a juror for the Castro Alves Theater competition but since academic obligations kept me in Texas I am here ruminating about digital fabrication, sustainability and social awareness.


in that sense it is worth checking the work of Santiago Perez here in Houston, attempting to do exactly that: to use digital fabrications to solve the issue of housing in a sustainable manner. It is also worth checking his partnership with Bill Massie that was already profiled here before

Tuesday, January 5, 2010

para Yumi e Isabella



chocados estamos todos com a tragédia da ilha grande que levou vocês embora. E mais ainda por estarmos tão próximos: adoramos o paraíso da ilha grande, convivemos em grupos parecidos, escolhemos a mesma profissão. Por isso a morte de vocês e dos outros na pousada nos toca mais fundo. É terrível enfrentar a idéia da nossa própria morte porque sabemos que podíamos estar alí ou num voo qualquer da TAM, da GOL ou da Air France. Assusta pensar que vida é tão frágil.


no meu caso, apenas dois graus de distância nos separavam, o que significa que eu conheço várias pessoas que conheceram vocês. Andamos pelos mesmos corredores da EA-UFMG e conversamos com as mesmas pessoas, separados por alguns anos apenas (eu fui aluno entre 1988-1993, professor em 1995 e de novo entre 2002-2004). Dividimos também esse encantamento com a arquitetura. Essa mesma arquitetura que devia nos proteger da chuva, do calor e do frio mas que foi insuficiente diante do volume de água e terra que desceu em cima da pousada na noite do reveillon.


e talvez seja isso que mais nos assuste diante da morte de vocês: perceber que apesar de toda essa tecnologia que nos cerca ainda somos insuficientes e quase insignificantes diante de uma natureza implacável como mostra a foto acima.


mas nesse momento de dor para os que ficaram eu ressalto o “quase” da frase anterior. Não somos totalmente insignificantes, apenas bastante. Tenho certeza que outras tantas mortes podem ser evitadas como no morro da carioca no continente, ou no vale do Itajaí, ou em Cunha, Petrópolis, Salvador, Rio, SP, BH. Tragédias anunciadas que matam todo ano, na América Latina mais de 1000 pessoas desabrigando mais de 100.000. Numa triste comparação temos destruição equivalente a um Katrina. Todo ano.


por isso conclamo a todos os alunos de arquitetura do Brasil a homenagearem vocês duas buscando uma relação mais inteligente entre o espaço que construímos e a chuva que cai todo ano, nos mesmos lugares, da mesma forma. Não somos assim tão insignificantes. Para cada metro quadrado revertido de cimento para um jardim rebaixado retiramos cerca de 1500 litros de água da inundação das áreas baixas que vemos toda semana na mídia.


não sei o que poderia ter sido feito para evitar o deslizamento na ilha grande dada a fragilidade do terreno e a atração paradisíaca do lugar. Mas na periferia das grandes cidades onde milhões vivem ao mesmo tempo tão perto e tão longe do paraíso, podemos sim evitar a dor de outras familias armados apenas com a insignificância da arquitetura.