Saturday, December 27, 2008

feliz 2009



fim de ano é tempo de fazer balanços e planos para o futuro. Comigo não é diferente e enquanto penso nas alegrias de 2008 (e foram muitas) a chuva cai sem parar aqui em Belo Horizonte o que só reforça o meu investimento no Studio Toró e a questão das águas urbanas.


desde que a família se reuniu em BH 14 dias atrás já choveu mais de 300mm, quase a quantidade de chuvas anual de Madrid e Lisboa e quase a metade do que chove nos grandes lagos onde moramos o resto do ano As meninas estão morrendo de tédio mas pelo menos no nosso apartamento não entra uma só gota de água, ao contrario da grande maioria das moradias da cidade.


e tragédias como a do vale do Itajaí vão se tornando rotina. Eu não me canso de mostrar que na América do Sul temos o equivalente a um furacão Katrina todos os anos, só que ao invés de 1000 mortos de uma vez são 150 daqui, 80 dalí e 20 acolá.
e as conversas sobre o tema sempre passam por aquilo que alguém deveria fazer. E sempre esse alguém é definido como outro, nunca como nós mesmos.

mas pra mim a questão das enchentes urbanas passa tento pelo poder público e pelas diretrizes de urbanização quanto por cada um de nós em nossos pedacinhos de terra dentro da cidade. É que as áreas públicas representam cerca de 20 a 30% do total da superfície urbanizada mas acabam sendo responsáveis pelo manejo e toda a água da chuva, seja porque nela corre a tubulação de escoamento pluvial ou porque nela são lançadas quase 90% do volume dado que todo o resto está absolutamente pavimentado.


e aqui mora o meu argumento de que a questão das enchentes urbanas diz respeito a todos os que na cidade residem. Sem um mínimo de permeabilidade não há rede pública que agüente tanta água.


vejamos os números de Belo Horizonte. De 12 de dezembro pra cá já choveu cerca de 300mm. Isso dá um volume de mais de 100 mil litros para cada lote comum de 12 x 30 metros, ou 4.3 milhões de litros para cada quarteirão da área central da cidade. Enquanto a rede pluvial tem se comportado bem e evitado maiores problemas, um simples canteiro de 3 x 3 metros em cada propriedade seria capaz de absorver 80% deste volume, realimentando o lençol freático e contribuindo para, através da evaporação, diminuir a absorção de calor e a temperatura resultante nos dias de sol forte.


em resumo, nas regiões tropicais com regime de chuvas concentrado nos meses de verão como é o caso do sudeste brasileiro não existe ambiente urbano saudável sem um mínimo de permeabilidade do solo e isso não pode ser alcançado sem a atuação do agente privado, mesmo que o setor público faça tudo certinho.

boas festas,
boas chuvas
e um feliz 2009

Sunday, December 14, 2008

convite




depois de 7 anos sem expor esse ano já vem aí a segunda mostra das minhas aquarelas.


nesta quarta-feira dia 17 de dezembro convido a todos os amigos para a abertura da exposição "estados da alma de BH", as 19 hs, no restaurante 2008, rua levindo lopes 158

as 8 aquarelas que lá estarão são parte de um projeto em homenagem a Belo Horizonte. Em agosto passado eu percorrí a rua Timbiras, da esquina de Rio Grande do Sul a esquina de Grão Pará, desenhando todas as esquinas desses "estados" que fazem parte da alma de BH.

espero todos lá

Thursday, December 11, 2008

Charles Correa III

vamos ver se eu consigo por em palavras um pouco do que foi a passagem de Charles Correia por aqui. Correia tem seu lugar garantido na história da arquitetura porque lá atrás, nos anos 60, provou que tipologias tradicionais com 2 ou 3 pavimentos poderiam garantir a mesma densidade das torres de Corbusier mas com uma qualidade de vida e interatividade muito melhores.

foi basicamente por isso que eu o trouxe a BH. Por achar que a prefeitura esta fazendo tudo certinho nas intervenções nas favelas: cuidando das águas, mantendo a comunidade no lugar, gerando empregos locais..... com a exceção de estar insistindo na tipologia dos predinhos de 3 pavimentos.

Charles mostrou um pouco disso na palestra mas foi no jantar que ele, como bom arquiteto, pegou os guardanapos e começou a mostrar como funciona a coisa.

e pra minha surpresa o homem se revelou um matemático de primeira. Eu nunca tinha visto alguém com uma lógica tão apurada desenhando em guardanapo, normalmente tem-se um ou outro. Ou se desenha ou se calcula.

mas Charles, formado em Michigan (modéstia a parte) e no MIT chuta com as duas nesse caso. E demonstrou, na frente de um Demetri encantado, que a conta que realmente importa é a de área pública por habitante, não o tamanho mínimo das unidades. E seu discurso faz sentido já que nos trópicos podemos usar as áreas públicas o ano inteiro, e é melhor que assim seja. Acostumados com as grades e os muros, as vezes nos esquecemos do fundamental: espaço para interagir.

Charles também mostrou seus projetos recentes em Boston, Toronto e Lisboa, e perguntou muito sobre o Brasil, nosso povo e nossos costumes, sempre traçando paralelos com a cultura indiana.

enfim, foram 48 horas intensas em que as lições de simplicidade e humanidade de Charles e Monika Correa (ela uma artista plástica genial) me encheram de esperança,

esperança na arquitetura.

Sunday, December 7, 2008

ainda Charles Correa




foi um sucesso a estada de Charles Correa em BH.

andar pela Pampulha com Charles e Monika Correa foi um privilégio. As conversas sobre o que Brasil e Índia têm em comum serviram de ponto de partida para muitas discussões arquitetônicas que deixaram encantada a platéia que encheu o auditório da Casa do Baile. Teve até ex-presidente do IAB vindo do Rio especialmente pro evento, o que em deixou especialmente feliz.

e claro a simpatia de Charles e o modo tranqüilo e natural com que ele fala de suas obras me fizeram acreditar um pouquinho mais na possibilidade de melhorar o mundo através da arquitetura.

ficou a promessa de aprofundarmos os laços entre as culturas do “sul” sem a incômoda mediação das instituições do “norte”. Nas palavras de Charles do alto de seus quase 80 anos e 1,90m, políticas passam, os laços culturais ficam.

Wednesday, December 3, 2008

charles correa em BH




embarco amanhã para BH onde recebo no final de semana o mestre indiano Charles Correa para uma serie de eventos/reuniões promovidos pelo studio toró em parceria com a PBH (Casa do Baile e Regional Noroeste).

prometo relatar em breve as conversas com Correa mas fica aqui o convite a todos os colegas mineiros para a palestra dele no sábado, 6 de dezembro, às 17hs na Casa do Baile.