Thursday, February 28, 2008

20 anos !


com o nascimento de Beatriz, não sei se por causa do renovado gosto pela vida ou por causa das poucas horas de sono, me lembrei que em algum momento no final de fevereiro cuja data exata não me lembro eu comemorei 20 anos de arquitetura, a contar, claro, da primeira vez que entrei na escola.


bons tempos aqueles de 1988 quaundo encontrei pela primeira vez amigos queridíssimos que seguem comigo até hoje como Rodrigo Baeta e Isa Tibúrcio. E ainda Tulio Cabral, Paula Paiva, Juliana Torres.


a começar pelos professores, Joel Campolina, Flavio Carsalade, Humberto Serpa, bons tempos aqueles em que uma universidade federal tinha nos seus quadros os melhores arquitetos da cidade.


tempo em que aprendi muito, e não só sobre arquitetura, com Adriano, Cabral, Max, Henrique Raposo e depois com os colegas que embarcaram na aventura de abrir um escritório na Lagoinha muito antes da região ser refúgio de artistas: Tandi Campos, Louise Ganz, Mauricio Meireles, depois Sylvio Todeschi e Ana Reis Faria.


vou parar por aqui antes de magoar alguem que não tenha cido citado,


só queria celebrar 20 anos de escolas de arquitetura, de onde, felizmente, nunca saí.

Wednesday, February 20, 2008

Beatriz

este blog celebra hoje o nascimento de Beatriz,

a Mae e a irma mais velha estao bem,

eu, radiante, vou sair de perto do computador por uns dias

bemvinda Beatriz

Tuesday, February 19, 2008

viva teddy cruz



já está virando rotina o trabalho de Teddy Cruz aparecer no New York Times.


hoje Nicolai Ouroussoff se derrete de elogios sobre o ultimo projeto de Teddy, uma série de casas no vale do rio Hudson, contratados por uma ONG que está tentando lutar contra a gentrificação.


nas palavras de Ouroussoff, “o projeto de Mr. Cruz não necessariamente se destaca em termos formais, mas seu melhor resultado tem menos a ver com estética e muito mais com a criação de um antídoto contra o arcaico modelo “cidadezinha americana” adotado por tantos incorporadores. Ao contrário, Teddy Cruz propõe uma complexa costura entre ricos e pobres, antigo e novo, público e privado, um tecido em que cada parte proclama uma identidade distinta”. (tradução minha).

e também trata de uma questão que eu penso ser o cerne do sucesso de Teddy Cruz, o fato de trabalhar sempre juntamente com o poder público e a propor mudanças na legislação, tratando a arquitetura como política, como questão pública que é.

por mim, fico muito feliz de ver que Teddy, nascido na Guatemala, é hoje indiscutivelmente um dos mais criativos arquitetos em atividade nos EUA, e começa a colher os frutos de décadas de trabalho na fronteira entre Tijuana (sua inspiração maior) e San Diego (que ele chama de o maior condomínio fechado do mundo).


vale a pena ver o slide show.


parabéns Teddy.

Sunday, February 17, 2008

boys from dolores


saindo um pouco da arquitetura que é o tema principal (mas não único) deste blog, escrevo hoje sobre um livro que acabei de ler.


ultimamente ando muito seletivo com minhas leituras, acho que cada dia concordo mais com J.L.Borges em que é muito melhor reler algo bom do que ler novas bobagens. Hoje mesmo devolvi para a biblioteca um livro sobre a vida de Pablo Picasso que não consegui passar da página 30, tantas eram as irrelevâncias, fofocas mesmo, esmiuçadas a cada parágrafo.

mas “boys from dolores” de Patrick Symmes foi daqueles que dava vontade de ler mais e mais, mesmo quando o sono já pesava nas pálpebras. O livro, resumido em uma única frase, apresenta a vida de uma geração de meninos cubanos que estudaram com os jesuítas no Colegio de las Dolores, em Santiago de Cuba, no início dos anos 40. Symmes entrevistou dezenas destes meninos exceto os dois mais famosos da turma: Fidel e Raul.

a grande maioria deles se mudou para Miami em algum momento dos anos 60 como a maior parte da elite cubana cujos filhos estudaram com os jesuítas, mas vários permaneceram em Cuba.

a trajetória destes meninos, depois rapazes, depois homens e agora idosos traça um panorama riquíssimo dos últimos 60 anos em Cuba, desde a república dos anos 40, a ditadura de Fulgencio Batista, a guerrilha da Sierra Maestra, a empolgação dos primeiros anos da revolução, o deslocamento de milhares para Miami e o endurecimento do regime na ilha depois da Baía dos Porcos e da crise dos misseis.
mas o que mais me chamou a atenção, intrincado no meio das estórias narradas por Symmes, foi o altissimo grau de fantasia (no sentido de deslocamento da realidade) com que vivem tanto os de Miami quanto os de Havana. De um lado e de outro desenha-se uma Cuba absolutamente irreal. Entre o inferno pintado por uns e o paraíso decantado por outros a distorção da realidade é tão gritante que assusta.

desculpe o mal-feito trocadilho mas acho que o título do livro resume tudo: os meninos das dores.

Friday, February 15, 2008

vanguarda coreana

ano passado fiquei fã de carteirinha da nova arquitetura sul-coreana,

hoje então vou só repassar o link para o blog da Vanessa , deixa ela mostrar o que eles tem inventado por lá.

vale a pena ver

Thursday, February 14, 2008

jonathan hill





Jonathan Hill, diretor do programa de doutorado da Bartlett School of Architecture em Londres esteve aqui ontem e hoje para uma palestra e um seminário com nossos doutorandos.

Jonathan é um dos meus autores contemporaneos preferidos, tendo editado Occupying Architecture, Illigal Architect e Architecture: the subject is matter.

e como tema tanto da palestra como do seminário, Jonathan trouxe a questão da complicada e tantas vezes antagônica relação entre arquitetura e os elementos. Coincidentemente o termo em inglês (weathering) faz uma ponte direta com a palavra “tempo”, weather significando o clima, os elementos, e weathering, no gerundio, o gradativo envelhecimento, a passagem do tempo.

usando a casa Farnsworth de Mies (na foto acima, inundada no último verão)e o Upper Lawn Pavillion de Allisson and Peter Smithon como exemplos, Jonathan levantou a idéia de que Mies e os Smithons, modernistas de carteirinha, tinham plena consciência da passagem do tempo e da necessária submição aos elementos. Mies sabia que no verão a casa seria quente com tanto vidro, e no inverno fria, com gelo formando no lado de dentro. E os Smithons, líderes que foram do movimento brutalista, investiam na questão do envelhecimento da arquitetura, as marcas da água caindo, o escurecimento do concreto, a madeira perdendo o marron e se tornando acinzentada, e assim por diante.

o argumento principal de é de que devemos retomar, a partir da disciplina, o diálogo entre a arquitetura e o tempo (tanto envelhecimento, passagem quanto clima, elementos) para que a arquitetura retome sua função significativa.

em resumo, Jonathan Hill faz uma elegante e elaborada defesa da sustentabilidade, entendida pela questão da intencionalidade, o disegno que ele sempre nos faz relembrar.

Monday, February 11, 2008

estágio é acumulo de experiência ou exploração de mão de obra?

a conversa sobre os vários modelos de licença profissional continua animada neste blog e achei que seria interessante continuar o debate com a pergunta acima: para quê mesmo serve o estágio?

cabe lembrar que durante milênios, a arte de construir foi transmitida de geração para geração justamente através da idéia do estágio. Aprendia-se trabalhando como aprendiz na obra (até a idade media) ou no atelier de um mestre arquiteto, depois que a renassença de Alberti nos transformou em ofício intelectualizado e separado do canteiro.

foi só no século 18 que os franceses liderados por Durand começaram a sistematizar o conhecimento da arte da composição arquitetônica cujo resultado maior, poderia argumentar com a licença poética que um blog me confere, foi o ecletismo do século 19. Mas mesmo Frank Lloyd Wright, para mim o maior de todos os arquitetos do século atrasado (meus amigos norte-americanos certamente discordarão do atrasado) aprendeu com Louis Sullivan antes de roubar todos os seus clients.

mas enquanto FLW cobrava de seus estagiários em Wisconsin (Taliesin 1)e depois no Arizona (Taliesin 2), em Weimar e depois em Dessau a Bauhaus revolucionava primeiro o ensino e depois a prática da arquitetura ao trazer a experimentação para dentro do processo pedagógico, ao invés de valorizar a repetição de modelos que era a regra até então.

desde então, é como se vivêssemos em um eterno dilema: confiar na sistematização do conhecimento e aprender com os livros (ou com professores doutores de dedicação exclusiva) ou aceitar que arquitetura se aprende fazendo e não pode ser “ensinada” como ouvi tantas vezes.Conhecimento ou prática? Saber como fazer algo ou saber o que deve ser feito?

me parece que nenhuma das opções acima serve para o século 21. Numa sociedade e numa economia absolutamente baseada na informação, seria um contracenso insistir que se aprende imitando os mais velhos. Mas a alternativa de transformar o ensino de arquitetura em uma sequência de textos (a carga horária e consequentemente a importância do projeto vem diminuindo gradativamente) deixando toda a prática para ser exercitada no estágio também não funciona bem. Como todos sabem, existem estágios e estágios. A nova geração pelo menos ficou livre de fazer “formatos” (para quem nasceu na arquitetura depois do Autocad 12, fazer formato é riscar as margens a nanquim em folhas de papel vegetal, a primeira tarefa de todo estagiário até os idos de 1990).

por isso, apesar de todas as distorções, o sistema de licenciamento profissional baseado em uma prova de conhecimentos depois de uns poucos anos de prática me parece o mais equilibrado e justo.

e vocês, o que acham?

Thursday, February 7, 2008

werner sobek



o nosso programa de doutorado aqui em michigan está promovendo este semester um simpósio com três renomados professors das areas de tecnologia, projeto e teoria, nesta ordem: Werner Sobek, Jonathan Hill e Reinhold Martin.

sobek abriu a série na segunda passada, e não poderia ter sido melhor. Arquiteto-engenheiro da tradição alemã, Sobek é discípulo de Frei Otto e hoje coordena o instituto fundado por Otto em Stuttgart.

parceiro de Norman Foster e Helmut Jahn, Sobek tem também um escritório próprio de consultoria em estrutura e materiais, com filiais em New York, Moscow, Cairo e Khartoun (eu confesso que não sabia direito onde na África ficava esta cidade, mas é a capital do Sudão.

mas a principal lição de Sobek, além da memorável prática internacional, é a busca constante do casamento perfeito entre a estética e a técnica. O que fica visível na sua casa por exemplo, a primeira construção 100% carbon-free na alemanha, uma caixa de vidro aquecida e/ou resfriada por um sistema a base de água que circula no subsolo, aquecendo no inverno a 12 graus e resfriando no verão a 25 graus sem nenhuma intervenção mecânica. Se alguem lembrar acertadamente que 12 graus não é nem um pouco confortável para sair do banho por exemplo, a casa tem também um sistema de placas foto-voltaicas que geram energia suficiente não só para aquecer a água como também para aquecer o banheiro e o closet. A cama se aquece com cobertores e na sala usa-se um suéter. Segundo Sobek, este deveria ser o paradigma da conservação de energia: metade tecnologia já existente, metade mudança de hábitos.

ah, mas faltou falar de algo também muito importante: a casa é linda, os detalhes são impressionantes, a beleza alida à performance, como nos melhores carros alemães – BMW e Porshe, não coincidentemente projetados e testados em Stuttgart.

Monday, February 4, 2008

o "crea" nos eua

atendendo a dois pedidos faço hoje um post curtinho sobre o processo de licença profissional aqui nos EUA, primeiro porque o assunto merece muitos e muitos post no futuro, e segundo porque é carnaval e ninguém vai ler mesmo até quinta-feira….

é o seguinte: quem dá a licença profissional é o estado, e cada estado tem uma prova um pouco diferente da outra, mas no geral o candidate precisa ter um diploma de curso de arquitetura (graduação ou mestrado profissional) e acumular um número X de horas em cada tipo de atividade: projeto, detalhamento, especificação, acompanhamento de obra e etc…

só então pode se inscrever para a prova, que é muito chata e baseada nos códigos de obra.

acontece que o mestrado profissional (MArch) vale muitos pontos, o que incentiva a todos os jovens graduados a cursar o mestrado porque conseguem-se empregos melhores, mais experiência, além de contar bastante na hora de fazer a prova do licenciamento.

ah, e você pode ter graduação em biologia ou literatura, não importa, se cursou o mestrado profissional de arquitetura em uma universidade credenciada, pode se inscrever para a prova que dá direito ao exercício profissional pleno.

por isso os programas tradicionais de 5 anos de graduação estão aos poucos desaparecendo por aqui, sendo substituídos por um sistema chamado 2+2+2.


são 2 anos de formação geral humanística (tipo sociologia, física, desenho, historia da arte, etc…), + 2 anos da escola de arquitetura (studio, estrutura, construção, cad, teoria e história) + 2 anos de mestrado também com studio, teoria, estruturas, materiais….

com isso a formação básica acaba levando uns 8-10 anos sendo 2 anos de college, 2 anos de escola de arquitetura, 1 ou 2 anos de trabalho depois de terminada a graduação, 2 anos de mestrado e mais uns 2 anos até acumular todas as horas necessárias para se inscrever para a prova no seu estado.

parece muito?

ou nos nossos 5 anos com CREA automático é que parecem pouco?