Monday, November 23, 2009

do outro lado do mundo / from the other side of the planet

como bem me lembrou Jaepil Choi, a Coréia fica exatamente do outro lado do mundo em relação ao Brasil, ou seja, estou literalmente no ponto mais distante do planeta e fico aqui até a quarta feira fazendo parte deste juri fantástico para escolher um entre estes arquitetos mais fantásticos ainda.


mas não posso deixar de anotar a expansão do curso d’água Cheonggye. Como já escrevi aqui há 3 anos, Cheonggye era mais um rio urbano canalizado e enterrado até que o atual presidente da Coréia do Sul, na época prefeito de Seoul resolveu quebrar uma via expressa elevada para abrir e recuperar o riozinho que agora é um parque linear, e cuja expansão a jusante é a manchete do jornal de hoje por aqui.


enquanto isso no México, na Inglaterra e no Brasil as manchetes são as enchentes causadas pelo péssimo tratamento dado às águas.


update nov 24: dois textos meus publicados esta semana na blogosfera, no blog do sarj e no arqbacana.




as reminded by Jaepil Choi South Korea is exactly opposite to Brazil, which means I could not be further away. Until Wednesday I am here as part of an amazing juri to chose one between those even more amazing architects.


what I can’t help but notice is the expansion of the Cheonggye stream. As I wrote here 3 years ago Cheonggye was a buried river when the current president of South Korea (at that time mayor of Seoul) decided to demolish an elevated highway to open and regenerate the small river which is now a linear park crossing the city. Its expansion is the main headline of the paper this morning.


meanwhile in Mexico, England or in Brazil the headlines are the flooding caused by mistreating urban waters

Monday, November 16, 2009

raquel rolnik

na mesma semana em que alunos brutamontes de uma universidade desastrada trouxeram a tona o direito das mulheres de fazer da vida delas o que bem entender, a colega juliana m. puxou minha orelha, e com razão.


depois de escrever 3 posts sobre a invisibilidade das mulheres arquitetas eu organizei uma exposição de arquitetura mineira na coréia e lá constavam apenas 2 moças entre 14 rapazes.


o problema é sério. O trabalho das mulheres tende a ser invisível e é preciso esforço para mudar esse quadro. No meu caso, deliberadamente tentei encontrar obras projetadas por mulheres em Minas e discutí várias vezes, comigo mesmo e com colegas, se cromossomos XX ou XY era critério válido para a seleção.


acho que dá pra concordar que da mesma forma que é absurdo excluir por causa do gênero também não se justifica escolher alguém pelo mesmo motivo apenas. Mas como nas boas políticas de inclusão, é importante estar atento para a questão, no nosso caso buscar dar visibilidade a mulheres arquitetas e seus trabalhos excepcionais.


então aqui vai minha contribuição nesse sentido. Não ví nada da grande mídia brasileira (o que comprova minha tese da invisibilidade) mas nas últimas semanas a Profa. Raquel Rolnik, da FAUUSP, esteve viajando pelos EUA como observadora da ONU, com a missão de entender o problema habitacional deste que é o país mais rico do planeta. As conclusões (bem como a hostilidade de parte da imprensa Americana) são estarrecedoras.


vale seguir aqui, aqui e aqui o fantastico trabalho da Profa. Rolnik que merece toda visibilidade possível.




in the same week when hooligans in a second-rate university in São Paulo brought to the forefront the old issue of women’s right to do whatever they want with their bodies my blog colleague Juliana M blasted me, and for a reason.


after writing 3 posts on the invisibility of women architects I organized an exhibition of Brazilian architecture in Korea with only 2 young women and 14 men consisted. The issue is serious to me and if the work of women tend to be invisible we need to make an extra effort to change this picture. In this case I deliberately tried to find exemplary designs by women architects of Minas Gerais and discussed with others if chromosomes XX or XY were valid criterion for the selection. I think we can agree that in the same way that is nonsense to exclude somebody because of gender it is also not the best idea to choose someone for gender reasons only.


but as in the best affirmative action polocies it is important to be aware of the issue, in our case to make visibility the fantastic work of many women architects.


so here is my contribution in this direction: the big Brazilian media did not report but in the last 3 weeks Prof. Raquel Rolnik from the University of São Paulo School of Architecture was travelling around the U.S.A. as observer to the UN, to report on the striking housing troubles of the richest society in our planet.


the conclusions (as well as the hostility of part of the American press) are scary.


one can check here, here and here the fantastic work of the Prof. Rolnik that deserves as much visibility as possible.

Monday, November 9, 2009

arquitetura mineira na Coréia do Sul


Fernando Maculan e Rafael Yanni, Beco São Vicente, aglomerado da Serra

esta semana em Daejeon na Coréia do Sul a novíssima arquitetura mineira está em exposição. Com curadoria minha e de Carlos Teixeira, a mostra inclui:

Arquitetos Associados - Carlos Alberto Maciel, Bruno Santa Cecília, André Prado, Alexandre Brasil e Paula Zasnicoff.
Horizontes - Marcelo Palhares, Gabriel Velloso e Luiz Felipe Farias
Carlos Teixeira
BCMF - Bruno Campos, Silvio Todeschi e Marcelo Fontes
Adriano Matos Correa
Paulo Waisberg e Clarissa Neves
Studio Toró - Fernando Lara
Humberto Hermeto
Fernando Maculan


this week we are exhibiting the newest architecture of Minas Gerais in Daejeon, South Korea. The show was curated by myself and Carlos Teixeira and includes the architects listed above.

Carlos Teixeira e grupo Armatrux, Invento para Leonardo, foto C. Teixeira.



Horizontes Arquitetura + Fernando Lara, Espaços residuais públicos na Pedreira Prado Lopes.

Wednesday, November 4, 2009

luto por Borsoi

este blog está de luto hoje pela morte do arquiteto Acácio Gil Borsoi (1924-2009), expoente do movimento moderno em Pernambuco.

Monday, November 2, 2009

problemas na demanda e na oferta / problems on supply and demand



passei a semana com dois livros no criado-mudo que fazem bastante sentido juntos. Crude World: the violent twilight of oil escrito por Peter Mass e Traffic : why we drive the way we do (and what it says about us) por Tom Vanderbilt.


em Crude World (o título já é ótimo) Mass faz um retrato do rastro de destruição deixado pela industria do petróleo, do Alaska ao Equador passando pela Nigéria, pela Russia e é claro pelo Oriente Médio. Por todo lado a regra é o aumento da corrupção e da violência associado diretamente à descoberta de petróleo (a única exceção sendo a Noruega).


não sendo uma indústria que gera empregos na mesma escala do investimento inicial, a exploração de petróleo gravita em torno de um grupo limitado de “oilmen” cuja principal função produtiva é conseguir contratos de exploração a qualquer custo. E qualquer custo significa sustentar a família real saudita, os oligarcas russos ou chefes tribais nigerianos. E mesmo na ausência de corrupção e repressão o fluxo de capital do petróleo infla artificialmente a moeda local causando aos poucos o asfixiamento da industria pela dificuldade de exportação e facilidade de importação de bens de consumo e manufaturados.


em Traffic a questão é a demanda e não a oferta de gasolina e outros derivados. O século XX vaiprovavelmente ficar na história como uma época em que a parte mais rica da humanidade se isolava por horas a fio dentro de caixas móveis de lata para vencer uma necessidade muitas vezes artificial de deslocamento. Nosso deslumbramento com o automóvel é o mais poderoso motor da dependência em petróleo cuja brutalidade é retratada por Mass. O livro de Vanderbilt explora bastante as transformaçõescognitivas e psicológicas do ato de dirigir e sua influência nas relações humanas. Vanderbilt tem ainda um blog que vale a pena visitar pela variedade dos assuntos tratados.


do lado da demanda cabe ressaltar que o automóvel como solução de transporte de massa é absolutamente insustentável mas infelizmente continuamos a construir (e destruir) cidades para eles. Do lado da oferta, cabe uma nota de preocupação com toda essa euforia do pré-sal. Sermos independentes em energia é sem dúvida importante, mas a energia do futuro não vem de fósseis cozinhados no fundo do mar. Pior ainda, reservas abundantes de petróleo são na grande maioria das vezes uma maldição e não uma benção.


dado que podemos escolher que cidade queremos e que modelo econômico queremos (e lutar por eles) há de se ficar muito atento. A distância conceitual (e real) entre a Noruega e a Rússia não é assim tão grande.



I spent the week with two different books on related topics. Crude World: the violent twilight of oil writing by Peter Mass and Traffic: why we drive the way we of (and what it says about US), by Tone Vanderbilt.


in Crude World (the title is in itself excellent) Mass follows the path of destruction left by the oil industry, from Alaska to Ecuador passing by Nigéria, Russia and of course the Middle East.


everywhere the rule is an increase of on corruption and violence associated directly with the oil discoveries (the only exception being Norway). Not being an industry that generates jobs in the same scale of the initial investment, the exploration of oil gravitates around a limited group of “oilmen” whose main goal is to obtain exploration contracts at any cost. And by any cost he means supporting the Saudi royalty, the Russian oligarchs or Nigerians warlords. And even in the absence of corruption and repression the flow of capital from oil artificially inflates the local currency, causing to the slow death of local industry by making exports expensive and imports cheap.


in Traffic the question is on the demand side of our oil addiction. The 20th century will probably be known in history as a time in which the richest half of mankind isolated itself for hours each day inside metallic boxes to deal with an artificial need of dislocation. Our infatuation with the automobile is the most powerful engine of our addiction to oil whose brutality is well portrayed by Mass. Vanderbilt’s Traffic explores the cognitive and psychological transformations in the act of driving and its influence in all other human relations. Vanderbilt also has a blog that worth visiting for the variety of subjects discussed.


on the side of demand we know that the automobile as solution for mass transportation is absolutely unsustainable but unfortunately we continue to build (and destroy) cities for them.


of the side of supply, I am getting more and more concerned with all this euphoria with the Brazilian oil reserves. To be independent in energy is no doubt important, but the energy of the future does not come from fossils cooked in the depths of the sea. Worse still, abundant reserves of oil are almost always a curse and not a blessing.

given our ability to envision what city and what economy we want in the near future it is not too late to recall that the conceptual (as well as the real) distance between Norway and Russia it is not that big.

Sunday, November 1, 2009

detalhes nem tão pequenos de nós dois

domingo é dia de futebol. Estádio cheio, time com chances no campeonato. Os primeiros 30 min são um baile, o time abre 2 a zero e parece que vai golear. Depois vem o apagão, o outro faz um e logo depois empata. Aí aparece a diferença. Na casa do adversário o time de verdade busca forças e faz o terceiro pra continuar vivo na briga. O outro time, trocando o azul pelo amarelo, leva o gol da virada dentro de casa. E vão ter de torcer muito pra nós no próximo domingo.