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Tuesday, January 18, 2011

a tragédia e algumas questões que não queremos responder




na semana passada eu estava do outro lado do mundo enquanto o céu desabava na região serrana do Rio de Janeiro, trazendo morro abaixo uma infinidade de água e lama e levando de volta pra cima centenas de almas. Mas obviamente esta explicação fatalista e quasi-religiosa não me satisfaz. Como entrar numa sala de aula ou sentar-se diante de um cliente e não pensar nas consequencias de cada talude mal drenado, de cada quintal impermeabilizado, de cada entulho jogado no lote do fundo que no próximo verão vai descer com a chuva para entupir as bocas-de-lobo, entupir de tragédia as páginas dos jornais, entupir de números as estatísticas e entupir de dor a vida dos que ficaram pra trás.


saturado pela discussão superficial e sensacionalista da mídia você neste parágrafo está pensando que este é mais um texto eco-chato sobre o modelo de ocupação das encostas, a política habitacional ou a incompetência do poder público.


nada disto. Como eu acabei de voltar de Cingapura, gasto hoje este espaço para refletir sobre os limites entre o poder de intervenção do estado e os direitos individuais.


uma das coisas que mais me assustou em Cingapura foram arquitetos e sociólogos, todos professores universitários com pós-graduação e experiência internacional, defendendo o modelo de democracia de Cingapura. Para quem não conhece, Cingapura tem partido único, imprensa controlada e um governo que regula e policia absolutamente tudo. Os casos mais famosos são os de chicotadas públicas por cuspir na rua ou multa por não dar descarga nos banheiros públicos. Numa outra conversa assuntos mais mundanos de arquitetura perguntei ao presidente do Instituto de Arquitetos de Cingapura se eles não tinham problemas de dilatação ao usar cerâmicas nas fachadas, caso típico de cidades tropicais como nós bem sabemos. A resposta dele: o código de obras especifica quais cerâmicas e quais argamassas podem ser usadas para cada tipo de edifício dependendo do tipo de estrutura, altura e exposição solar.


agora que nome damos a este tipo de relação público - privado? Capitalismo super-regulado? Fascismo pragmático? Exagero de zelo pelo bem comum? Mega big brother? Cingapura recebe tanta chuva quanto Manaus, 70% mais do que a media do sudeste brasileiro e o nível de planejamento é tanto que os arquitetos não estão nem um pouco preocupados com mortes decorrentes de enchentes e desabamentos. Estão preocupados em garantir que uma cerâmica 10x10 não despenque do 18o. andar.


a pergunta que andamos evitando no caso da tragédia da região serrana é que tipo relação com o estado nós queremos. Estamos dispostos a apoiar um estado que remova milhares de pessoas das regiões de risco e cobre impostos suficientes para prover infra-estrutura para estes mesmos milhares? Ou preferimos um estado que apenas policie e deixe para o mercado oferecer habitação de qualidade. Neste caso, estamos dispostos a pagar um salário mínimo de R$ 1500.00 que garanta a todos a possibilidade de pagar R$ 600.00 de prestação ou aluguel? Estamos dispostos a apoiar um estado (ou um CREA ou um CAU) que efetivamente fiscalize os afastamentos, áreas totais e taxas de permeabilidade?


nós que trabalhamos todo dia com a aprovação de edifícios e loteamentos estamos dispostos a defender as leis que os regulam diante dos clientes que perguntam se dá pra aprovar assim ou assado? Estamos dispostos a ir lá com a policia explicar os riscos da ocupação e exercer a interdição se necessário? Como, se não damos conta nem de explicar na reunião de condomínio que a varanda o pilotis não podem ser fechados com blindex.


o exemplo de Cingapura me parece sim extremo e autoritário, mas o nosso modelo de jeitinho para os amigos e leis para os inimigos está falido, enterrado debaixo de toneladas de lama em Ilha Grande, Angra, Teresópolis, Friburgo e onde mais chover. Estaremos dispostos a assumir responsabilidade coletiva por um modelo de espaço construído que não implique riscos de destruição em massa.

Monday, June 14, 2010

aniversários bisextos



a cada quatro anos meu aniversário cai no meio da copa do mundo. Quem mandou nascer em dia de jogo, poucas horas depois de Tostão ter marcado dois gols contra o Peru em Guadalajara.

da copa seguinte, aos 4 anos de idade, não me lembro. Também ajuda que quase ninguém fala daquela seleção. Aos 8, o jogo se repetiu: Brasil e Peru se enfrentaram exatamente no mesmo dia, me lembro perfeitamente de escutar os gols Dirceu e Zico que gravei em K7. Aos 12 anos, de novo o Brasil joga no meu aniversário. E não só joga, estréia vencendo a União Soviética com golaço de Éder. Aos 16 não teve jogo no dia, mas a derrota pra França estragou a semana. Aos 20, no auge da rebeldia universitária torci pra Holanda porque não aceitava que o Brasil que elegera Collor de Mello no ano anterior merecesse ganhar alguma coisa. Aos 24 pulei como um louco quando Baggio chutou o pênalti pra fora, embalado por ter acabado de conhecer a Lê. Aos 28 demorei a acreditar naquilo: Ronaldo teve convulsão e a França ganhou? Como assim, que hora acaba esse pesadelo? Aos 32 parecia que íamos ganhar sempre, mas a chegada da Helena era mais importante. Aos 36 não teve graça, aquela cena do R.Carlos amarrando a chuteira resumiu o time.


agora são 40 e amanhã começa tudo de novo.... a maturidade me fazendo apreciar ainda mais o futebol.


sorry friends, this post does not make sense in any other language

Saturday, October 11, 2008

meu jogo do ano


o ano do centenário vinha sendo de muitas frustrações, nenhum título e algumas derrotas dignas de serem enterradas.

mas hoje, diante do Flamengo e de mais de 80 mil pessoas, o time jogou como merece sua torcida encantada. Baixou o espírito dos grandes: Juninho encarnou Kafunga, Renan foi classudo e oportunista como Mário de Castro e até mestre Telê baixou no banco pra ajudar Marcelo a montar um time que ocupou cada metro quadrado de grama disponível.

e o Galo deu um baile como há muito eu não via. Aliás, pela primeira vez o justin.tv funcionou perfeitamente. Quer dizer, nada é perfeito quando se tem que aguentar comentaristas do Sport TV torcendo descaradamente. Mas isso só me incomodou até o segundo gol, daí pra diante foi só festa.

também vale lembrar que um jogo é muito pouco para tanta paixão.

mas foi em cima do Flamengo, com o Maracanã lotado e tirando deles qualquer chance de competir com Grêmio e Palmeiras pelo título.

aí, dadas as condições, é muito.

Tuesday, March 25, 2008

o craque opera em outra geometria



há exatos 100 anos, em 25 de março de 1908, era fundado o clube atlético mineiro. Quando eu era menino e o time tinha apenas 70 anos, vivíamos ambos a nossa melhor fase. Naquele tempo eu ainda tinha esperanças de um dia aprender a jogar bola como a seleção brasileira do mundialito no Uruguai em 81 em que metade do time era nosso: João Leite, Luisinho, Cerezo, Paulo Isidoro, Éder e o melhor de todos: Reinaldo.

nenhum dos componentes deste sonho duraria muito. Com 12, 13 anos eu já era reserva do reserva na escola, o time de Telê perdeu a copa, e Reinaldo já tinha se submetido a diversas cirurgias, vítima dos perna-de-pau profissionais que o caçavam em campo.

mas o post de hoje, em homenagem ao maior de todos os times de futebol e seu ídolo máximo, conta a estória de como este arquiteto-quando-jovem conheceu seu ídolo de infância. Corria o ano de 1993 e eu ia me formar no meio do ano, apesar de já ter escritório a algum tempo (vai entender!). Talvez por isso uma colega da escola me convidou para fazer com ela um projeto de um clube para um amigo dela que era deputado estadual. Marcamos de ir ver uns terrenos no final de semana e quase caí pra trás quando o amigo deputado era ele mesmo: Reinaldo de Lima, o mito.

as reuniões de projeto eram quase sempre no seis-e-meia, um bar na rua Grão Mogol, e às vezes na assembléia legislativa, cercados de assistentes picaretas e puxa-sacos de todo tipo. O programa era simples: um campo de futebol, vestiários, alojamento para crianças carentes (e bons de bola) que morariam lá e um salão multi-uso para eventos, 10.000 m2 de área no mínimo.

falar de futebol com Reinaldo era sempre um prazer mas falar de projeto e obra era mais difícil. Uma vez, e eu já contei essa estória dezenas de vezes, Reinaldo insistiu em nos mostrar um terreno ótimo, quase plano, de 12.000 m2 que era, pasmem, triangular! Não entrava na cabeça dele de jeito nenhum que não cabe um campo de 100x60 em um terreno triangular de 12.000 m2, e eu tive de desenhar um campo num papel e o terreno em outro, recortar e sobrepor pra mostrar que não cabia.
Reinaldo acabou comprando um terreno retangular, começou a obra, perdeu a reeleição, se envolveu em confusão (meus leitores mineiros sabem, não vale repetir) parou a obra, eu vim fazer doutorado e agora quando passo diante do Belo Horizonte Futebol e Cultura (BHFC) na BR 040 reconheço alguns traços do meu projeto, uma jenelinhas redondas aqui, um predinho abobadado alí.

mas depois de quase 15 anos entendí, ao pensar neste post, o porquê do terreno triangular que Reinaldo tanto queria. O craque estava certo e o arquiteto, tão jovem e cheio de sí, estava errado.

é que sendo o mais talentoso centroavante de todos os tempos, tanto fazia pra ele se o campo tinha 60, 40 ou mesmo apenas 20 metros de largura. Ele passaria entre os dois zagueiros de qualquer jeito, e encobriria o goleiro, como fez tantas vezes para delírio de milhões de atleticanos.

parabéns Galo centenário, parabens torcida maravilhosa!

Wednesday, March 12, 2008

big brother de verdade


antes que vocês saiam correndo deste blog, o post de hoje não é sobre Pedro Bial e seus patetas mas sobre Eliot Spitzer, governador (até esta manhã pelo menos) do estado de New York.

anteontem veio a público uma investigação federal (FBI) que citava Spitzer como “cliente número 9”, acusado de contratar repetidas prostitutas repetidas vezes na capital federal, Washington. A acusação é uma sentença de morte num pais onde o puritanismo ainda é um valor social, mesmo sendo na minha opinião um verniz apenas.

mas o interessante é que a investigação não começou por causa de Spitzer (nenhum motorista ou ex-mulher o denunciou) nem por causa da rede de prostituição como seria de se esperar. O inquérito foi aberto por causa de um software do sistema bancário, o verdadeiro BIG BROTHER a que o titulo deste post se refere.

funciona mais ou menos assim: todas, repito, TODAS as transações bancárias nacionais ou internacionais que envolvem algum banco norte-americano são processadas por um software que analisa a probabilidade destas transações serem fraudulentas, lavagem de dinheiro, evasão de impostos, financiamento de terrorismo e por ai vai a lista. O sistema tem suas prioridades como transferências acima de um certo valor ou mesmo múltiplas remessas de valores pequenos para a mesma conta. Alem disto, o software é constantemente updated com informações sobre contas suspeitas (automaticamente selecionadas no que chamaríamos de malha fina) e PEPs (politcal exposed persons) ou seja, todos os congressistas, prefeitos, governadores e ministros são automaticamente capturados por esta tal malha fina.

daí não é difícil entender o que pegou Spitzer: uma série de cheques pessoais do governador (PEP por excelência) estava indo parar numa conta suspeita (a rede de “escort service”). Esta combinação gerou um alerta no pessoal do IRS (a receita federal daqui) que pediu ajuda ao FBI por se tratar de um governador..... e o resto é história.

agora o que esta história tem de mais dramática é o fato de que foi Eliot Spitzer quando attorney general de NY quem pressionou os bancos a adotarem este sistema, e foi com a fama de caçador de fraudes e evasões que Spitzer se elegeu governador.

nisso o big brother do sistema financeiro americano se parece com o entediante programa da Globo que ninguém suporta mais: a natureza humana, vista de perto, é mesmo absolutamente irracional e imprevisível. Por que diabos um governador com fama de moralizador e enormes ambições políticas resolve correr este tipo de risco?

ou no nosso caso, sendo o sistema bancário brasileiro mais informatizado do que o norte-americano, porque não se implanta um sistema desses de uma vez por todas? Follow the money continua sendo a melhor forma de combater o crime.

ganha meu voto quem conseguir implantar algo parecido que consiga preservar a privacidade (ou seja, que não possa ser manipulado por interesses atravessados) e consiga acabar com a evasão de impostos, a lavagem de dinheiro e o financiamento de todo tipo de crime. Com a vantagem, sabida de que o puritanismo não cola abaixo do trópico de câncer.

Monday, December 31, 2007

centenários, centenários




mal acabamos de soprar as velinhas do centésimo aniversário de Oscar Niemeyer e chega a hora de comemorar o c
entésimo aniversário do clube mais amado do mundo, o glorioso Clube Atlético Mineiro, fundado em 25 de março de 1908.

para quem assistiu a São Silvestre hoje e não entendeu nada quando os quenianos Robert Cheruiyot e Alice Timbilili comemoraram com a bandeira do Galo, este blog explica: trata-se da primeira comomoração do centenário e uma alfinetada naquele outro time de BH que mudou de nome tantas vezes e por isso tem metade da idade, metade da tradição e não provoca
nem a metade da paixão.

feliz 2008,
saudações atleticanas

Tuesday, December 18, 2007

sobre a Coréia




um dia pra ir, duas horas pra voltar e quatro dias de trabalhos intensos foi o meu resumo da viagem a Coréia para ser jurado do concurso em Daejeon. Cinco jurados e dois consultores, nós estávamos todos no mesmo andar do mesmo hotel, tomavámos café juntos, íamos juntos para o prédio da Korean Land Corporation, promotora com concurso, almoçávamos juntos, mais trabalho juntos, jantávamos juntos. Um dos membros do juri chamava a nossa rotina de sequestro: day one of the hostage crisis, day two of the hostage crisis.....

mas por isso mesmo resolvi escrever sobre meus colegas de juri nesses 4 intensos dias:
Jaepil Choi foi nosso anfitrião, o organizador do concurso. Unkjoong Kim era o consultor, arquiteto responsável pelo projeto junto a prefeitura da Daejeon, incumbido de continuar o trabalho junto com o vencedor do concurso. Peter Drooge nasceu na Alemanha logo depois da segunda guerra e depois de estudar e dar aulas no MIT, se mudou para a Australia onde vive. Seung H-Sang formou-se na Coréia em 1975 e foi logo trabalhar na embaixada coreana nos EUA, seu primeiro projeto. H-Sang tem um escritório movimentadíssimo e visitamos um de seus prédios recém inaugurado que merece um post em breve.

aqui a coisa começa a ficar interessante. Shiling Zheng nasceu na China em 1942, quando o país ainda estava sob invasão japonesa e o Kuomintang ainda disputava o poder interno com os Comunistas liderados por Mao. Aos 7 anos de idade ele veria Mao Zedong unificar o país (menos Taiwan) sob o regime comunista e o resto quase todo mundo sabe. Quando alguem perguntou como ele havia sido impactado pela revolução cultural, Prof. Zheng disse que na época (final dos anos 50) ele já sabia desenhar e pintar bem então ao invés de ser mandado para a fronteira agrícola foi mandado para a escola de arquitetura onde trabalhava pintando retratos de Mao. Prof. Zheng foi vice-reitor da Universidade de Tongji e é presidente honorário do Instituto de Arquitetura de Shanghai.

e de todos quem mais me impressionou foi Sungjung Chough. Nascido em 1940, também sob ocupação japonesa, numa cidade que hoje fica na Coréia do norte, Chough viu o país ser dividido em 1945 com o final da segunda guerra e a derrota do Japão. Como toda sua família estava no lado sul, sob ocupação norte-americana, a Chough percorreu 80 km em 9 dias, a maior parte do trajeto a pé, para tentar se juntar aos familiares em Seoul. Nos anos 50, conta ele, seu pai várias vezes lamentou a mudança porque os vizinhos do norte pareciam mais ricos e mais satisfeitos e no sul a devastação da guerra da coréia (1950-53) tornava a vida muito difícil. Quando a situação melhorou Chough foi estudar em Berkeley (movimento hoje imitado por milhares de jovens coreanos todos os anos) e ficou pelos EUA por cerca de 15 anos. De volta a Coréia montou um escritório com um amigo dos tempos de faculdade e entre vários projetos fantásticos um se destaca: o estádio de Jeju que ilustra este post, construído para a Copa do Mundo de 2002.

como dá pra perceber eu era o junior desta turma e aprendi muito com eles nesses 4 dias de intensas discussões que nos levaram a um bom e justo resultado, na minha opinião.

e das conversas com Sungjung Chough ficou a saudade do casamento entre futebol e arquitetura que quase consegui fazer quando projetei um centro de treinamento para o Reinaldo de Lima, ele mesmo, o Rei do Mineirão entre 1976 e 1985, infelizmento construído apenas parcialmente.

mas quem sabe a CBF não resolve fazer a coisa certa abre concursos para todos as reformas e os novos estádios. Não custa sonhar e acreditar em dias melhores como ensinariam meus colegas chineses e coreanos.

Thursday, December 6, 2007

carta aberta ao sr washington olivetto


prezado sr. Olivetto,

na semana passada uma frase atribuída ao Sr foi veiculada em todos os grandes jornais do Brasil. Nela, o Sr dizia que se o Corinthians caísse, o campeonato brasileiro é que seria rebaixado.

por mais respeito que eu tenha por alguém que já criou tantos slogans e imagens marcantes na publicidade brasileira, desta vez o Sr está redondamente errado e chega a ser enganosa essa propaganda. O campeonato brasileiro de 2008 não vai sentir a falta do Corinthians, como não sentiu a falta do Palmeiras, do Botafogo, do Grêmio e nem do meu Glorioso Atlético Mineiro.

todos sentimos na carne a dor do rebaixamento. Sentimos também um outro medo, muito maior: o medo de nunca mais voltar. Esse medo indizível que só desaparece quando o time está efetivamente classificado para voltar a elite.


na verdade, como uma ducha e água fria reativa a circulação, o rebaixamento pode reativar o Corinthians como reativou o Palmeiras, o Botafogo, o Grêmio e o Galo. Não sou especialista nos três primeiros mas posso dizer com convicção que o rebaixamento reaproximou o Galo de sua fantástica torcida da qual eu tenho orgulho de pertencer. E acho que nunca me senti mais atleticano do que durante a série B de 2006. Nas palavras de um amigo também alvinegro, “se soubéssemos que a série B era tão boa devíamos ter caído muito antes”.

espero sinceramente que o Corinthians aprenda algumas lições na serie B, jogando em Fortaleza, Natal, Maceió, Criciúma, Belém e outros estádios onde a paixão não é menos intensa que no Pacaembu e nem a torcida é menos fiel.

mas é compreensível que na véspera da tragédia o Sr tenha perdido a cabeça e cego de paixão tenha sugerido que o campeonato se rebaixa. Não Sr Olivetto, o Corinthians caiu sozinho, por seus próprios erros, e o campeonato segue sua vida normal. E junto com o Corinthians cai um pouco também o São Paulo e o Palmeiras que vão fazer um jogo a menos fora de casa. Esta pequena vantagem de fazer um jogo a mais perto da sua torcida (SP terá 5 times ano que vem, teria 6 se o Corinthians não tivesse sido rebaixado) é significativa.

aliás, há de se notar que o Corinthians de 1977 e da democracia ha muito tempo deu lugar a um Corinthians de parcerias escusas e títulos muito mal explicados como o brasileiro de 2005. Mas os deuses da bola são implacáveis como um centroavante raivoso e lá estava o Inter no caminho de vocês de novo bem no último de derradeiro jogo de 2007.

por isso tudo Sr Olivetto, o Corinthians se rebaixa sozinho e o campeonato brasileiro permanece, aliás, melhor do que nunca.

Friday, November 30, 2007

benvindos à melhor torcida do mundo




essa vai para todos os meus amigos cruzeirenses que vão ter de torcer para o Glorioso no domingo.

Friday, September 28, 2007

quae sera tamen



acabou de sair n' O Globo com a mesma foto,

a CBF acordou e finalmente resolveu investir no futebol feminino,

alguem duvida que, se bem organizados, os jogos femininos podem levar tanta gente aos estadios quanto os jogos masculinos?

talvez por isso tenha demorado tanto.

mas como diz a bandeira das minhas minas gerais, ainda que tardia....

parabens Marta e cia por ter vencido mais uma herculea batalha (essa mais dificil que qualquer selecao estrangeira)

Thursday, September 27, 2007

a melhor do mundo



pode até ter sido uma surpresa para os comentaristas da ESPN aqui nos EUA, mas para todos os amantes de futebol ao redor do mundo deu a lógica hoje nos 4x0 da seleção canarinha em cima das norte-americanas.


e assim a copa do mundo feminina será decidida por duas equipes tradicionalíssimas: Brasil e Alemanha


se coincidências históricas existem (ou seriam farsas?) as copas do mundo masculina e feminina seguem com trajetórias muito parecidas. No início os EUA e países nórdicos se dão muito bem com suas estruturas esportivas baseadas na universidade. Mas com o tempo a falta de uma liga professional mais competitiva (tanto feminina quanto masculina) acaba por deslocar o centro para países de maior tradição futebolistica.


atenção meninas da argentina e da itália, cadê vocês?


os dois últimos jogos entre Brasil e os EUA (5x0 no Rio em julho e 4x0 em Hangzhou hoje) reforçam a idéia de que por alguma razão que só os deuses do futebol conhecem, a fórmula vitoriosa da ginástica, da natação e do atletismo não se aplica ao futebol.


que talvez justamente por isso seja o esporte mais popular no planeta.


nesse sentido poderíamos traçar um paralelo entre esse time feminino e a seleção de Leônidas da Silva em 1938, brilhando apesar da precária organização e falta de estrutura.


acontece que a história não se repete e por isso o time de Marta e mais dez vai colocar mais uma medalha de ouro no pescoço lá do outro lado do mundo como fez no panamericano em casa.

Thursday, July 26, 2007

trinta e três a zero


em dia de goleada do galo pra receber mais um atleticano, esse blog presta uma homenagem à Marta e cia que não ganharam só mais uma medalha de ouro. Ganharam apesar de não ter campeonato. Ganharam apesar de não ter estrutura. Ganharam apesar de não ter apoio da poderosa CBF. Ganharam marcando 33 gols e tomando NENHUM!!

acorda Ricardo Teixeira !! acordem todos os cartolas!!

essas meninas podem encher os estádios e os olhos da gente, como fizeram hoje num Maracanã diante de 60 mil numa quarta-feira na hora do almoço.

em tempo, algum jogo do brasileirão já levou 60 mil ao estádio?

trinta e três a zero para elas.

Sunday, July 15, 2007

Brasil se escreve sempre com A



concordo que Dunga não é um gênio do futebol arte, como também não eram Felipão, Zagalo, Parreira e nem tampouco Vicente Feola que só escalou Pelé em 58 depois de muita insistência de outros jogadores.

concordo também que o Brasil de 82 foi fantástico, assim como a Holanda de 74 e a Hungria de 54.

mas há de se tirar o chapéu para uma seleção que foi a Venezuela sem várias estrelas que preferiram “descansar” (em tempo, os caras do vôlei acabarem de ganhar a liga mundial jogando todo dia e voltam a quadra ainda esta semana no Rio), estreou perdendo para o México e terminou massacrando a sempre favorita Argentina na final.

como escreveu hoje o La Nacion, “Brasil se escribe con B, pero nunca es B. Dos finales de la Copa América perdidas consecutivas son prueba suficientes para certificarlo”

que assim seja, independente do Dunga, para sempre.

Thursday, May 24, 2007

as voltas do mundo

difícil explicar aos não-iniciados porque somos tão apaixonados por futebol. Diante de pernas-de-pau se achando craques, dirigentes se enriquecendo as custas do clube e juizes incompetentes (pra dizer o mínimo), fica difícil manter o gosto pelo esporte.
Mas ontem a noite os deuses da bola afagaram um pouco a minha frustração, eliminando o Botafogo por erros de arbitragem. O mesmo Botafogo que só se classificou para esta rodada graças à covardia do Carlos Simon que não teve coragem de marcar pênalti para o Galo aos 45 do segundo tempo, mas teve pelo menos a coragem assumir o erro no dia seguinte.
Não resolve nada, talvez seja ate pior já que um erro não justifica o outro. Mas meus queridos amigos botafoguenses, nada como um dia após o outro. Seria ótimo se o futebol se modernizasse e usasse a tecnologia disponível de forma inteligente (como no tênis) para acabar com erros esdrúxulos.
Mas enquanto isso não acontece cabe às voltas do mundo corrigir (quae sera tamen) as injustiças do futebol.

Wednesday, May 23, 2007

ninguém escapa ao Galvão Bueno

por essa eu não esperava. Acabo de assistir ao segundo gol do Milan contra o Liverpool e dado o silêncio dos comentadores da ESPN-2 que estão torcendo explicitamente pelo time inglês, deu pra escutar os berros do Galvão Bueno que deve estar na cabine ao lado.


Eu ingenuamente pensando que tinha ficado livre dele...


Mas adoro quando os comentaristas torcem para o time errado...



Monday, May 14, 2007

pela modernização URGENTE do futebol

Interrompo mais uma vez minhas narrativas arquitetônicas para lançar um inútil manifesto pela modernização do futebol.

Chega de lambanças como a que fez o juiz Carlos A. Simon na quinta-feira passada decidindo o resultado do jogo a favor do Botafogo aos 47 do segundo tempo.

Claro que isso dói mais em mim torcedor do Galo e escaldado desde 1980. Mas com certeza todos os apaixonados por futebol já tiveram o gosto amargo de um erro ridículo do juiz, mal intencionado ou simplesmente incompetente, decidindo uma partida importante em favor dos outros.

Que a FIFA acorde (antes que seja tarde demais como no caso da igreja católica clamando por religiosidade) e instale câmeras nos estádios para a revisão de lances polêmicos. O exemplo do tênis é ótimo, cada time teria o direito de invocar as câmeras apenas 3 vezes por jogo, evitando atrasos e catimbas.


Mas pelo amor de Deus tirem o destino do futebol das mãos dos juizes, eles não são a razão do espetáculo.

Monday, April 30, 2007

duas bolas la dentro




interrompo as conversas de arquitetura para falar de futebol, o que nas belas palavras de Eduardo Galeano é a coisa mais importante do mundo depois das coisas realmente importantes. Mas o fato é que o futebol volta e meia nos trás cenas fantásticas como essa de um goleiro que caminhava tristemente para tirar a bola do terceiro gol do Glorioso de dentro da sua meta e nem percebeu que o jogo recomeçara e lá vinha a bola do quarto gol. Salto alto eu já vi de todo tipo mas esse bateu todos os recordes. E contra quem foi é muito, mas muito mais bonito. Veja no orkut.