Tuesday, July 13, 2010

o porque das enchentes

este texto meu foi publicado no jornal Estado de Minas em 26/1/2010 e desde então circula tanto pela internet (já achei 5 versões) que resolvi então publicar aqui eu mesmo, o autor.

O porquê das enchentes

Todo verão, a mesma coisa: chuva, inundações, desmoronamentos, desabrigados, mortes. Neste, que já entra no segundo mês, já foram mais de uma centena de mortos e milhares de desabrigados. Bilhões de reais, dinheiro público e privado, serão necessários para corrigir os danos materiais. Os números assustam, mas, na área chuvosa, que vai do Sul do México ao Norte da Argentina, temos o equivalente a um furacão Katrina todos os anos. Mais de mil mortos e mais de 100 mil desabrigados, todo ano. O fato é que por 500 anos lutamos contra a estação chuvosa na América Latina.

A causa? Importamos um padrão de urbanização dos nossos colonizadores ibéricos que é inviável no Brasil, onde a chuva anual varia de 1.000mm a 1.600mm. Em áreas populosas e urbanizadas, como o Sudeste brasileiro (80 milhões de habitantes), a chuva se concentra no verão, período em que chega a cair 300mm por mês e não é incomum 100mm em um único dia. Na região de Angra dos Reis, litoral fluminense, choveu mais de 400mm nos dois últimos dias de dezembro e no primeiro dia de janeiro. No entanto, nosso modelo de construção vem de lugares onde chove muito menos, e de forma regular: 400mm por ano em Madri; 500mm por ano em Lisboa. Aqueles terraços pavimentados de Sevilha ou de Lisboa são lindos e adequados para 50mm por mês, nunca para um lugar onde chove esta cota por hora.

As conversas sobre o tema sempre passam por aquilo que alguém deveria fazer. E esse alguém é sempre definido como o outro: o poder público, as autoridades, os da rua de cima. A expansão urbana desenfreada, a produção agrícola em larga escala: é importante perceber que a questão das enchentes urbanas passa tanto pelo poder público, pelas diretrizes de urbanização e gestão das águas, quanto por cada um de nós, em nossos pedacinhos de terra na cidade.

O manejo da água da chuva é público, mas a absorção residencial é um problema doméstico, privado. Com todos os quintais impermeabilizados, a municipalidade passa a controlar 100% do volume de água, mas só dispõe de 25% da área da cidade para tanto. Cada vez que chove 100mm (e isso tem ocorrido frequentemente), um quarteirão médio (100m x 100m, ou 1 hectare) recebe 100 mil litros de água. Se fôssemos segurar todo esse volume num piscinão, seria necessário um lote de 12mx30m, com profundidade de três metros – isso para cada quarteirão.

Para resolvermos parte do problema das enchentes urbanas, temos que entender que a questão da permeabilidade do solo é problema de todos; que precisamos promover uma mudança cultural: 1) na forma como o poder público trata o problema; 2) na forma como as pessoas se sentem envolvidas nele.

Em São Paulo, um volume gigantesco de água corre rapidamente para os vales dos rios Tietê e Pinheiros cada vez que chove forte. Em Belo Horizonte, os fundos de vale são inundados várias vezes ao ano, como ocorreu com a Avenida Tereza Cristina na noite do réveillon de 2008. Em Uberlândia, no Triângulo, a Avenida Rondon Pacheco vira um rio toda vez que chove mais de 50mm. Se parte dessa água tivesse sido absorvida ou pelo menos retardada por canteiros e áreas com pavimento permeável, a enchente poderia ter sido evitada. Cada metro quadrado de solo permeável devolve 1,6 mil litros por ano ao subsolo. Se cada lote urbano tivesse 10 metros quadrados de canteiros rebaixados, 80% da água da chuva anual seria retida e encharcaria devagar na terra, recarregando os lençóis freáticos e ajudando a manter a cidade mais fresca no dia seguinte, com o processo de evaporação.

Em junho de 2009, a Universidade de Michigan (EUA), em parceria com a Prefeitura de Belo Horizonte e a PUC Minas, realizou um estudo para analisar a permeabilidade do solo no vale da Vila Acaba Mundo, constituída na bacia do córrego homônimo na capital mineira. Os cálculos feitos revelam conclusões assustadoras. À medida que a população de baixa renda vai melhorando de vida, as áreas intersticiais vão sendo pavimentadas, como o é na cidade formal. Isso ocorrendo, o volume de água que chega ao córrego será o dobro do atual e ela vai descer na metade do tempo, exatamente como ocorre em todas as avenidas localizadas em fundos de vale. Se não mudarmos essa lógica, a tragédia do réveillon em Angra dos Reis vai ser considerada pequena no futuro.

Tuesday, July 6, 2010

fulbright prof. visitante no Texas

BOLSA FULBRIGHT EM CIÊNCIAS E POLÍTICAS AMBIENTAIS NA UNIVERSIDADE DO TEXAS, AUSTIN

A Comissão Fulbright (Fulbright) e a Universidade do Texas-Austin (UT-Austin) convidam professores e pesquisadores das áreas de ciências/políticas ambientais para apresentar proposta para bolsa de professor/pesquisador visitante na UT-Austin.


1 REQUISITOS PARA A CANDIDATURA
O candidato deverá comprovar:
· Ter concluído seu doutorado antes de 2006;
· Possuir nacionalidade brasileira e não possuir nacionalidade norte-americana;
· Ter 10 anos de experiência profissional qualificada na área de ciências/políticas com produção intelectual compatível;
· Ter fluência em inglês, compatível com o bom desempenho nas atividades previstas; e
· Não receber bolsa ou benefício financeiro de outras agências ou entidades brasileiras para o mesmo objetivo.

O bolsista deverá apresentar uma proposta para ministrar um curso de 3h/semanais, para graduação avançada ou pos-graduação, em uma das seguintes áreas: sustentabilidade ambiental, relacionada aos direitos territoriais, mapeamento participativo, tecnologias GIS (Geographic Information System), uso da terra e dos recursos naturais, e mudança climática.

O compromiso formal do profesor visitante será realizar o curso, e o tempo restante poderá ser utilizado para desenvolver pesquisas em temas de sua área.

2 BENEFÍCIOS DA BOLSA
O programa prevê a concessão de uma bolsa, com as seguintes características:
· Manutenção mensal: US$ 6.500,00 (seis mil e quinhentos dólares norte-americanos) por quatro meses, no valor total de: US$ 26.000,00 (vinte e seis mil dólares norte-americanos);
· Passagem aérea de ida e volta em classe econômica promocional;
· Seguro saúde;
· Auxílio moradia no valor de US$8.000,00 (oito mil dólares norte-americanos); e,
· Acesso às instalações e serviços da UT, tais como: escritório, internet, bibliotecas e demais meios necessários à efetiva consecução das atividades de ensino e /ou pesquisas previstas pelo bolsista.

A bolsa será concedia no período correspondente ao Spring term 2011 (janeiro a maio), de acordo com calendário da UT-Austin.

3 DOCUMENTOS PARA CANDIDATURA
O candidato deve submeter sua candidatura exclusivamente via internet, constando os seguintes documentos:
· Formulário de inscrição online, integralmente preenchido em inglês, disponível no https://apply.embark.com/student/fulbright/scholars/
· Plano de atividades e Syllabus do curso proposto;
· Três (3) cartas de recomendação em inglês, segundo instruções constantes do formulário de inscrição online; e
· Currículo resumido em inglês.

4 AVALIAÇÃO
A Fulbright e UT avaliarão as candidaturas e procederão à seleção do bolsista. Esse processo incluirá a avaliação do perfil acadêmico e profissional do candidato, o plano de atividades proposto e, eventualmente, uma entrevista em inglês. Será dada preferência aos candidatos com pouca ou nenhuma experiência acadêmica prévia nos EUA.

5 CALENDÁRIO
· 31 de agosto de 2010: Data limite para submissão da candidatura via internet
· Até 30 de setembro de 2010: Divulgação do resultado
· Janeiro de 2011: Início das atividades na UT-Austin

6 COMUNICAÇÃO

Mais informações sobre o Programa Fulbright poderão ser obtidas:
Comissão Fulbright
SHIS – QI 9, Conjunto 17, lote L
71625-170 – Brasília, DF
Fone: (61) 3248-8603 / Fax: (61) 3248-8611
UTAustin@fulbright.org.br
www.fulbright.org.br

Thursday, July 1, 2010

sobre a gravidade




aos meus 38 leitores de Brasilia, nesta quinta-feira estarei falando sobre arquitetura latino-americana na UnB, as 16hs, com direito a cerveja no beirute depois.


saiam da virtualidade e apareçam