Friday, May 30, 2008

descongelando a música da arquitetura


sabe aquela estória de que arquitetura é música congelada?

pois o David Byrne (ex Talking Heads) resolveu derreter tudo com uma geringonça eletrônica que faz um prédio antigo em Manhattan virar instrumento musical.

cada tecla está ligada a um motorzinho ou martelinho que bate ou faz vibrar alguma parte do edifício.


vale a pena ler a material inteira no
New York Times e assistir ao videozinho "playing the building".

Thursday, May 29, 2008

subindo o morro



ontem a turma do Brazil Studio ( eu + 12 alunos de Michigan) subiu o morro com o pessoal da Urbel (Prefeitura de Belo Horizonte) e os colegas da Ryerson University em Toronto que estão trabalhando com a gente esta semana.


de todas as questões levantadas pelos assentamentos informais que comumente chamamos de favela está uma questão que diz respeito ao processo de projeto como conhecemos. No processo tradicional ensinado nas nossas escolas e usado pela absoluta maioria dos arquitetos, a espacialidade sempre antecede a materialidade. Em outras palavras, geralmente concebemos o espaço como uma abstração e só depois definimos com precisão os materiais que o tornarão realidade. Mesmo que a espacialidade seja pensada a partir de possíveis materiais e técnicas construtivas, o desenvolvimento se dá em seqüência, primeiro o espaço e só depois a matéria.


na favela, o processo seria exatamente o contrário. Primeiro vem a materialidade: uma porta, três janelas, dez sacos de cimento, mil tijolos. Depois vem a concepção espacial que vai servir a esta materialidade presente.


a precariedade das favelas demonstra que a falta de planejamento tem graves conseqüências e há de se tomar cuidado coma idealização ou romantização dos processos auto-construtivos.


mas será que não temos um pouco a aprender sobre desperdício e sustentabilidade com este processo inverso em que a materialidade antecede a espacialidade?

Tuesday, May 27, 2008

de onde vem a inspiração?

Ingrid Froelich coleciona entrevistas sobre a inspiração.

eu fiquei muito honrado de ser entrevistado graças ao projeto 365 special days mas acabei falando do Studio Toró que tem estado mais ativo em mim.


a minha e outras entrevistas estão em www.icecreamisnicecream.com

Sunday, May 25, 2008




a pedidos, ai vai um mapa de Ouro Preto com a área aproximada do parque pintada de verde

Friday, May 23, 2008

Ouro Preto sai na frente

acesso junto a rodoviaria
escadas no vale dos contos




os cinco leitores deste blog já devem ter se cansado da minha insistência em falar sobre a questão das águas em áreas urbanas, quase sempre como um problema sério.

então pra não sair do tema desta vez vou comentar sobre uma ação tremendamente positiva que está para ser inaugurada em Ouro Preto no próximo mês de junho:

um parque rasgando a cidade de cima a baixo seguindo o curso d’água.

isso mesmo, o urbanismo orgânico das minas gerais acabou por preservar relativamente bem os cursos d’água (o fato de ter ouro ali ajuda né?) que correm nos fundos dos lotes, evitando problemas maiores com desmoronamento ou enchentes. Em Ouro Preto, ao contrário da maioria das nossas cidades brasileiras, o fogo destrói mais do que a chuva justamente porque as águas correm relativamente desimpedidas pelo meio dos quarteirões.

mas estes cursos d’água só eram conhecidos pelos moradores ou ocasionalmente por um visitante mais intrépido que resolvia descer ao fundo do quintal. Seguindo a tradição das “testadas” , o valor ainda reside apenas no encontro com a rua, os quintais sendo relegados a uma terceira divisão urbana.

isto está prestes a mudar. Com financiamento do programa Monumenta/Iphan e da prefeitura da Ouro Preto, está quase pronto um parque linear que segue a água, rasgando a cidade pelo meio e ligando a rodoviária lá em cima à estação ferroviária lá embaixo.
os quintais vão ficar importantes, a cidade ganha um parque e as águas continuam fluindo como deveriam.


Monday, May 19, 2008

virou fumaça



por culpa de um cano estourado que gerou um curto circuito o edifício da escola de arquitetura da TU Delft (projetado por Jaap Bakema) foi inteiramente destruído no último dia 13 de maio. A coleção de maquetes que inclui originais de Le Corbusier, Ritvelt e Van Eyck foi parcialmente danificada, assim como a biblioteca que com 400.000 volumes era uma da melhores da Europa


ninguem se feriu, so' mais um pedacinho do nosso precioso conhecimento que virou fumaça

Sunday, May 18, 2008

depois do domingão de blogueiros



foi um sucesso o encontro de blogueiros de arquitetura no Bar Balcão neste domingo em São Paulo. Na foto eu mesmo a esquerda, Mario do Val no meio e Alberto Barbour e Sandra à direira, e ao fundo, meio escondido, alguém que pode ser ou pode não ser o/a Alencastro.


aos amigos paulistanos deixo um grande abraço de agradecimento pela receptividade, a boa conversa, e a promessa de que este foi só o primeiro de muitos encontros não virtuais.

Friday, May 16, 2008

domingão de blogueiros

como ninguem vive só de virtualidade, neste domingo 18 de maio tem encontro de arquitetos blogueiros em São Paulo.


bar balcão, rua doutor melo alves 150, a partir das 19 horas


nos vemos lá

Tuesday, May 13, 2008

triste tradição


durou até muito, quase 1000 dias, a nossa ilusão de que ganhar um concurso de arquitetura significa a possibilidade de ver a obra construída. Como em tantos outros inúmeros casos, o concurso nacional para a sede da Orquestra Sinfônica de Minas Gerais (OSMG) foi anulado depois de 3 anos de trabalhos, dezenas de reuniões com os órgãos de patrimônio, modificações, mais reuniões, orçamentos, projetos complementares, liminares na justiça, mais reuniões, mais modificações para no final todo este trabalho ser jogado no lixo e um novo projeto ser contratado com o arquiteto Gustavo Penna.

não cabe aqui discutir os méritos do Sr. Penna para este ou qualquer outro projeto, nem os meios pelos quais um projeto objeto de concurso público acaba na prancheta de outro arquiteto, quem quer que seja.

interessa sim lutar pelo fim desta triste tradição em que concursos públicos de arquitetura são rasgados sem o menor constrangimento. E os órgãos de classe, no caso o IAB-MG que promoveu o concurso, até agora manteve-se silencioso mesmo depois de interpelado por alguns de seus membros menos acomodados.

pra nós da equipe vencedora do concurso resta perguntar ao sr. governador-candidato-a-presidente: se era para contratar o projeto com um de seus favoritos, pra que dar essa volta toda e gastar 1000 dias de trabalho de tanta gente, dentro e fora do seu governo?

e ao já consagrado arquiteto Gustavo Penna vale perguntar por que se prestar a um papel horroroso desses? Será esse o único caminho para uma carreira de sucesso?

triste tradição, a arquitetura merece mais respeito



ps: domingo tem encontro de blogueiros arquitetos em São Paulo, mais informações em breve.

Thursday, May 8, 2008

brazil studio lá vamos nós

embarcamos hoje para BH onde a partir do dia 18 estarei conduzindo o segundo Brazil Studio, desta vez com 12 alunos de pós graduação daqui de Michigan, numa parceria com a PUC-Minas e com a Prefeitura de Belo Horizonte.

o studio passa ainda por São Paulo nos dias 18-19 de maio e por Salvador nos dias 17-19 de junho, além da obrigatória Ouro Preto.

mais notícias aqui ou neste mesmo blog assim que arrumar uma conexão banda larga em BH.

Tuesday, May 6, 2008

o fim e o começo

vale a pena ler esta curta mas densa entrevista de Fredy Massad em noticias arquitectura da qual extraí apenas este trecho que na minha opinião vai direto ao ponto:

"la generación de herederos de Koolhaas -que nosotros denominamos 'generación Rem 2.0'- como Alejandro Zaera, MRVDV o UN Studio, y la generación inmediatamente posterior y que adopta esos conceptos y postura koolhaasianas abocan a un momento terminal, por su total ausencia de compromiso ético, su irresponsable banalidad teórica y su tendencia estética feísta. Las alternativas de Koolhaas, como la figura del arquitecto estrella e ideólogo-gurú, marcan más el agotamiento de una era más que el auténtico comienzo de otra"

Sunday, May 4, 2008

faca de dois gumes


na semana passada a agência de classificação de risco Standard & Poor elevou o grau de investmento do Brasil e como conseqüência o Real se valorizou perante todas as moedas (perante o dólar já não é notícia) e bilhões de dólares ou euros devem migrar para o mercado brasileiro nos próximos meses.

mas quem são e o que fazem essas poderosas agências de classificação de risco que agem literalmente como a famosa mão invisível do mercado?

ou mais importante, o quão confiável são tais classificações?

junto com a Moddy e a Fitch, a Standard & Poor compõe as três principais agências especializadas em avaliar o risco de quase tudo. No mercado imobiliário dos EUA elas reinam absolutas e desenvolveram uma tabela com 8 tipologias diferentes: residencial unifamiliar, multifamiliar, comercial, escritórios e shopping centers são 5 dessas categorias, e não se consegue um bom financimento se seu projeto não se encaixar nos parâmetros deles.
ou seja, se você projetar uma casa ou um shopping center que não se encaixe no modelinho, pode se preparar para pagar juros de 10% ao ano ao invés dos costumares 5 ou 6 % da maioria absoluta dos financiamentos.

mas mesmo com todo esse controle elas erraram feio na análise dos chamados financiamentos sub-prime cuja implosão já causou perdas de 250 bilhões de dólares aos bancos e investidores que vão desde gigantes como o tal Bear Sterns à aposentadoria privada de quase todo mundo.

e porque erraram? porque os bancos que faziam os empréstimos no varejo para clientes cuja renda dificilmente seria suficiente para pagar as prestações não ficavam mais de uns poucos dias com a dívida. Juntavam alguns milhares de hipotecas em um pacote e as revendiam para outros bancos, sem antes contratar uma das agências de risco para “avaliar” o pacote. Com todo mundo ganhando gordas comissões a cada transação e ninguém fiscalizando vocês já imaginam o que aconteceu.

milhares de pacotes de hipotecas classificados como AAA (ou praticamente de risco zero) são agora moeda podre. O valor da casa caiu, as taxas de juros subiram, o morador ficou com uma dívida maior que o valor da casa e se mandou, perdendo tudo que investiu inclusive o próprio teto. E quem comprou esses papéis que deveriam ser seguríssimos ficou com uma casa abandonada nas mãos que vale pouco mais da metade do valor da dívida.

agora essas mesmas agências de risco avaliam o potencial de investimento de um país inteiro.

pra mim é uma faca de dois gumes. Da mesma forma que no mercado imobiliário risco baixo significa conformidade com uma certa tabela de tipologias, no mercado financeiro internacional risco baixo significa adesão a um certo número de parâmetros, e pode ter certeza que investimento em educação e pesquisa não conta, mas redução de benefícios previdenciários conta e muito.

a famosa mão invisível do mercado as vezes se suja tanto que fica bem visível, e a imagem não é nem um pouco agradável.