sabe quando algo te incomoda e você não sabe exatamente o que nem porque.
pois é, ontem eu fiquei bastante incomodado com o post do Alencastro em que ele ou ela (o blog é anônimo) apontavam as alfinetadas de Montaner aos críticos brasileiros.
hoje eu pude ler a entrevista inteira, graças a gentileza da entrevistadora, Bianca Antunes, que me mandou o texto completo. E se por um lado gostei muito da entrevista, acho que gostei mais das perguntas que das respostas. Dois momentos de destaque: quando Montaner explica porque a sustentabilidade é um problema contemporâneo fundamental (basicamente porque a ciência evoliu) e quando ele chama atenção para a questão da habitação. Mas não custa repetir, as perguntas já eram boas, as respostas foram até fáceis.
mas incômodo mesmo foi ler a justificativa de Montaner para a não inclusão de vários críticos latino-americanos no seu último livro: ninguém ia conhecer (?!).
um momento, cara-pálida! Se você acredita que Alberto Arai(mexicano citado por Montaner) tem valor e não é conhecido, não seria esta uma razão a mais para incluí-lo e contribuir, ainda que modestamente, para torná-lo conhecido? Se você mesmo diz que o mundo da teoria está dominado por anglo-americanos e europeus (o que eu chamaria cinicamente de “Circuito Cultural OTAN”), porque fazer o mesmo jogo? Porque insistir naquilo que se sabe viciado e etnocêntrico?
desconhecer a crítica latino-americana alegando ignorância ou barreira linguística (sorry me no read portuguese) já seria triste, fazê-lo em sã consciência então.....
para nós, brasucas, fica a velha lição: façamos nós mesmos a nossa defesa (e a nossa autocrítica) porque usar espelho estrangeiro as vezes causa muitas distorções e tantos mais sustos
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4 comments:
Fernando,
Meu conhecimento acadêmico-arquitetônico-tupiniquim não me permite dizer se o Montaner tem mesmo razão ou não. Então, não vou advogar por ninguém. Mas...
O que entendi que ele diz é que nenhum dos bons críticos brasileiros (ele cita a Ruth, o Mahfuz, Comas e Segawa) até hoje fez - leia-se publicou - uma abordagem ampla da produção brasileira, dela como um todo. Se o fizeram, foi por partes. Isso não quer dizer que ele tenha dito que esses autores são piores que os estrangeiros ou que não haja crítica no Brasil.
Não sei se levaria tão a sério essas palavras do Montaner. Talvez o que ele diz não deve ser baseado em muito mais do que chega na biblioteca da UPC. Na entrevista, ele cita o Paulo Mendes da Rocha pacas porque orientou um doutorado de uma arquiteta brasileira sobre o trabalho dele.
Acho que é melhor entendermos essa polêmica entrevista mais como aqueles textos do Koolhaas e seu olhar gringo sobre cidades mega-problemáticas ou acontecimentos geopolíticos.
Seria pior se algum brasileiro ou latino-americano falasse aquelas coisas.
Mario,
Montaner esta coberto de razao quando fala do mito Niemeyer e da falta de um trabalho teorico que tente (pelo menos tente) explicar a arquitetura brasileira contemporanea. Mas quando ele alfineta sobre a proximidade entre os criticos e os arquitetos... perai, em que parte do mundo os criticos nao sao proximos dos arquitetos?
Só não entendi o seguinte. Se ele diz que não iria colocar críticos latino-americanos, pois ninguém iria conhecer, eu pensei. Ele elabora um livro de crítica a arquitetura para quem? 90% dos leitores são arquitetos, quanto mais abrangente seja o leque dessas críticas melhor seria a visão de arquitetura em todo mundo, sejam elas latino americana ou do restante do mundo (incluo aqui a norte-america). Acho uma visão um tanto quanto protecionista, ao melhor estilo catalão.
falou tudo Ricardo,
e ca entre nos, um livro publicado em espanhol e portugues vai ser lido onde? em Londres na AA? em Harvard? em Zurich na ETH? acho que o Montaner pisou na bola
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