Friday, May 4, 2007

um concerto com três solistas











Acabei de voltar de Denver onde participei como guest critic das bancas finais do mestrado em arquitetura (projeto) na University of Colorado. Entre vários projetos interessantes com destaque para o projeto de uma brasileira sobre uma adição no campus de Cranbrook, fui na hora do almoço dar uma volta pelo centro cívico para ver o novo museu de arte moderna de Daniel Libeskind lá.
Fui meio que preparado para não gostar porque o museu judaico em Berlin me decepcionou muito, mas seguindo os sempre bons conselhos de Raul Smith, esse valia a pena. E vale mesmo. Concordo que o edifício é uma escultura, mas é uma escultura desenhada com esmero onde a ginástica expressiva do exterior gera espaços internos interessantes nas áreas mais publicas e deixa que a arte brilhe sozinha na maioria dos espaços. Lição aprendida dos museus de Frank Ghery, deixe a dinâmica para o teto, permita que as obras de arte sejam expostas em paredes neutras.
No caso de Libeskind em Denver o edifício dialoga bem com as obras de arte, vários espaços meio que escondidos ou apertados acabam sendo belas suspresas, os ambientes se separam e se articulam de forma a valorizar o percurso e as obras ao mesmo tempo. O ponto negativo fica com os 2x4 (caibros) pregados no chão para evitar que desavisados batam a cabeça nas paredes inclinadas.
Agora o que eu não sabia e acabou sendo outra grata surpresa é que o antigo museu onde agora se entra por uma passarela elevada é projeto de Gio Ponti. Bem mais sóbrio por dentro apesar de não menos marcante por fora apesar de certa sisudez, o edifício de Ponti tem passagens muito interessantes onde rasgos escultóricos na parede deixam a luz entrar de forma marcante, ditando o ritmo do interior.
E ainda completando o conjunto esta a biblioteca publica de Denver, projeto de Michael Graves que nós, formados nos anos 80, já vimos e revimos tantas vezes. Incrível como o tempo passa. Ha vinte anos atrás Denver estava no mapa da arquitetura por causa de Graves, hoje ninguém se lembra e foi Daniel Libeskind quem me fez andar meia hora ate o centro cívico. Provavelmente a turma que se formou nos anos 70 tinha Gio Ponti como figurinha repetida, hoje um clássico do modernismo tardio.
De qualquer forma, é muito interessante ver que área cultural de downtown Denver consegue fazer um concerto com três solistas, um cantando boleros, outro pop e o terceiro musica eletrônica. Claro que não sai nenhuma sinfonia dali mas em tempos de IPod, cada um escuta sua trilha sonora.




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