Acabei de voltar de Denver onde participei como guest critic das bancas finais do mestrado em arquitetura (projeto) na University of Colorado. Entre vários projetos interessantes com destaque para o projeto de uma brasileira sobre uma adição no campus de Cranbrook, fui na hora do almoço dar uma volta pelo centro cívico para ver o novo museu de arte moderna de Daniel Libeskind lá.
Fui meio que preparado para não gostar porque o museu judaico em Berlin me decepcionou muito, mas seguindo os sempre bons conselhos de Raul Smith, esse valia a pena. E vale mesmo. Concordo que o edifício é uma escultura, mas é uma escultura desenhada com esmero onde a ginástica expressiva do exterior gera espaços internos interessantes nas áreas mais publicas e deixa que a arte brilhe sozinha na maioria dos espaços. Lição aprendida dos museus de Frank Ghery, deixe a dinâmica para o teto, permita que as obras de arte sejam expostas em paredes neutras.
No caso de Libeskind em Denver o edifício dialoga bem com as obras de arte, vários espaços meio que escondidos ou apertados acabam sendo belas suspresas, os ambientes se separam e se articulam de forma a valorizar o percurso e as obras ao mesmo tempo. O ponto negativo fica com os 2x4 (caibros) pregados no chão para evitar que desavisados batam a cabeça nas paredes inclinadas.
Agora o que eu não sabia e acabou sendo outra grata surpresa é que o antigo museu onde agora se entra por uma passarela elevada é projeto de Gio Ponti. Bem mais sóbrio por dentro apesar de não menos marcante por fora apesar de certa sisudez, o edifício de Ponti tem passagens muito interessantes onde rasgos escultóricos na parede deixam a luz entrar de forma marcante, ditando o ritmo do interior.
E ainda completando o conjunto esta a biblioteca publica de Denver, projeto de Michael Graves que nós, formados nos anos 80, já vimos e revimos tantas vezes. Incrível como o tempo passa. Ha vinte anos atrás Denver estava no mapa da arquitetura por causa de Graves, hoje ninguém se lembra e foi Daniel Libeskind quem me fez andar meia hora ate o centro cívico. Provavelmente a turma que se formou nos anos 70 tinha Gio Ponti como figurinha repetida, hoje um clássico do modernismo tardio.
De qualquer forma, é muito interessante ver que área cultural de downtown Denver consegue fazer um concerto com três solistas, um cantando boleros, outro pop e o terceiro musica eletrônica. Claro que não sai nenhuma sinfonia dali mas em tempos de IPod, cada um escuta sua trilha sonora.
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