Wednesday, March 12, 2008
big brother de verdade
antes que vocês saiam correndo deste blog, o post de hoje não é sobre Pedro Bial e seus patetas mas sobre Eliot Spitzer, governador (até esta manhã pelo menos) do estado de New York.
anteontem veio a público uma investigação federal (FBI) que citava Spitzer como “cliente número 9”, acusado de contratar repetidas prostitutas repetidas vezes na capital federal, Washington. A acusação é uma sentença de morte num pais onde o puritanismo ainda é um valor social, mesmo sendo na minha opinião um verniz apenas.
mas o interessante é que a investigação não começou por causa de Spitzer (nenhum motorista ou ex-mulher o denunciou) nem por causa da rede de prostituição como seria de se esperar. O inquérito foi aberto por causa de um software do sistema bancário, o verdadeiro BIG BROTHER a que o titulo deste post se refere.
funciona mais ou menos assim: todas, repito, TODAS as transações bancárias nacionais ou internacionais que envolvem algum banco norte-americano são processadas por um software que analisa a probabilidade destas transações serem fraudulentas, lavagem de dinheiro, evasão de impostos, financiamento de terrorismo e por ai vai a lista. O sistema tem suas prioridades como transferências acima de um certo valor ou mesmo múltiplas remessas de valores pequenos para a mesma conta. Alem disto, o software é constantemente updated com informações sobre contas suspeitas (automaticamente selecionadas no que chamaríamos de malha fina) e PEPs (politcal exposed persons) ou seja, todos os congressistas, prefeitos, governadores e ministros são automaticamente capturados por esta tal malha fina.
daí não é difícil entender o que pegou Spitzer: uma série de cheques pessoais do governador (PEP por excelência) estava indo parar numa conta suspeita (a rede de “escort service”). Esta combinação gerou um alerta no pessoal do IRS (a receita federal daqui) que pediu ajuda ao FBI por se tratar de um governador..... e o resto é história.
agora o que esta história tem de mais dramática é o fato de que foi Eliot Spitzer quando attorney general de NY quem pressionou os bancos a adotarem este sistema, e foi com a fama de caçador de fraudes e evasões que Spitzer se elegeu governador.
nisso o big brother do sistema financeiro americano se parece com o entediante programa da Globo que ninguém suporta mais: a natureza humana, vista de perto, é mesmo absolutamente irracional e imprevisível. Por que diabos um governador com fama de moralizador e enormes ambições políticas resolve correr este tipo de risco?
ou no nosso caso, sendo o sistema bancário brasileiro mais informatizado do que o norte-americano, porque não se implanta um sistema desses de uma vez por todas? Follow the money continua sendo a melhor forma de combater o crime.
ganha meu voto quem conseguir implantar algo parecido que consiga preservar a privacidade (ou seja, que não possa ser manipulado por interesses atravessados) e consiga acabar com a evasão de impostos, a lavagem de dinheiro e o financiamento de todo tipo de crime. Com a vantagem, sabida de que o puritanismo não cola abaixo do trópico de câncer.
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10 comments:
O sistema beta, implantado nop Brasil, por enquanto só foi usado pra pegar o mega-fraudulento caseiro Francenildo. Como sempre, eis o money que eles follow: o nosso.
Alberto,
voce saberia dizer quem recebe as informacoes deste sistema beta? A PF, a Receita, o Ministério Público em cada estado?
Qualquer que seja os órgãos, as informações devem passar por "alguém" que julga se é ou não necessário seguir as origens e destinos desse dinheiro. Podem ter certeza...
Dude, era piada. Estava falando do caso em que o então ministro da fazenda Antonio Palocci manipulou o COAF (que é o orgão que faz isso) pra tentar enlamentar a reputação do caseiro ( e delator) da mansão onde se encontrou com uma turma da pesada.
Respondendo, esse é o pais que se você toma uma multa em curitiba com um carro de goiânia, ela não chega nunca, porque o sistema NACIONAL do DENATRAN não é unificado.
Resumindo: um pulso eletromagnético no Brasil provavelmente só seria percebido por nós, blogueiros. E olhe lá.
e eu achando que a implantacao desse sistema tinha passado despercebido.... voce me pegou nessa Alberto.
Eu diria que antes de querer implantar sistemas anti-sonegação - que muitas vezes acaba sendo o caminho jurídico pra prender big-fishes - há de se repensar o nosso sistema tributário: se pagarmos menos impostos, quem sabe boa parte daqueles que seria vítimas destes softwares não deixariam de enrolar a receita?
Daí sim você instala um sistema destes pra pegar os insistentes peixes-grandes.
concordo Mario que a arrecadacao sempre vai pelo caminho mais facil. Desconto em folha por exemplo eh facilimo. Mas como taxar a informalidade que chega talvez a 40 ou 50% da economia? Por isso eu prefiro a defunta CPMF ao todo poderoso Imposto de Renda. A CPMF pelo menos pegava uma base mais abrangente que o time dos assalariados e emissores de notas fiscais.
Pois é, mas por que será que há tanta informalidade? Na verdade quando vamos pensar em impostos temos que levar em conta que além de pagarmos caro para o governo, ele não nos retorna o que deveria. Assim pagamos de novo por educação, saúde, segurança, etc...
concordo plenamente Mário, pagamos duas vezes mesmo. Um exemplo, quando eu pago meu IPTU aqui, vem uma listinha dizendo que dos meu total x dolares foram para as escolas, y para a bibliotca publica, z para subsidiar o onibus e etc.... Torco para que algum prefeito comece a fazer isso, vira governador rapidinho.
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