Sunday, April 27, 2008

luxúria imobiliária



House Lust é o nome do livro de Daniel Mcginn cuja tradução seria algo como “luxúria imobiliária. Mcginn é jornalista da Newsweek e no livro ele tenta explicar as razões psicológicas por trás da bolha imobiliária de 2002-2005 nos EUA. Percorrendo lançamentos imobiliários de 600 m2 cujo preço inicial é de 1 milhão (podendo ir a 5 milhões em algumas áres de New York ou San Francisco).

escrito em 2007, o livro já indicava que esta bolha imobiliária estava para estourar e que muita gente ia acabar devendo mais do que o valor da casa assim que as taxas de juros subissem e o mercado esfriasse.

mas o interessante do livro de Mcginn é quando ele começa a tentar entender porque alguem que vive bem em uma casa de 300 m2 fica obscecado em se mudar para uma casa de 450 m2 e 1 milhão a mais.
por exemplo, em um dos capítulos Mcginn discute a idéia de que muita gente busca se dispõe a pagar muito mais por uma casa nova, como se imóvel fosse um carro e o “cheiro de novo” fosse um valor de uso. Acontece que carros tem uma vida útil de 10 anos, talvez 15, enquanto casas tem uma vida perfeitamente útil de no mínimo 60 anos, talvez 100, muitas vezes 200.

e o argumento usado para explicar esta obcessão a casa nova é de que as pessoas não gostam da idéia de que alguem já usou aquele banheiro ou deixou marcas de gordura na parede da sala de jantar.
mas como na comparação com os carros, os especialistas sabem que o semi-novo, aquele carro de 1 ou 2 anos com menos de 20 mil kilômetros é de longe o melhor custo-benefício, assim como aquela casa ou apartamento de menos de 10 anos, cujo valor já caiu um pouco ao mesmo tempo em que a infra estrutura não deve dar problema nas próximas décadas.

e quanto a supervalorização do novo, pra mim isso é uma mal disfarçada fixação com a idéia de pureza ou virgindade. Pureza que aliás é um conceito inventado artificialmente para reforçar a exclusão daquilo que não é considerado “puro”.

portanto cuidemos bem das nossas casas velhas (principalmente as modernas senhoras de 1950), que como escreveu o Quintana, é onde reside a melhor arquitetura.

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