Thursday, April 17, 2008
arquitetura e política
hoje de manhã numa banca de TFG uma aluna apresentou um projeto razoavelmente futurístico: usar as estruturas de estacionamento como fazendas hidropônicas, já que o preço do petróleo vai tornar os automóveis obsoletos no futuro.
até ai acho uma ótima idéia, exploração urbana típica de TFG. O problema começa quando ela propôe que os “pobres” se beneficiem do cultivo porque os “ricos” continuarão com seus automóveis movidos a hidrogênio ou eletricidade.
eu fiquei indignado: como é que um estudante gasta um semestre inteiro projetando para um cenário futuro e não consegue imaginar uma sociedade um pouquinho mais igualitária. Não que eu acredite que a arquitetura tenha o poder de resolver os problemas sociais, perdemos esta ilusão já há algumas décadas, mas se não conseguimos sequer pensar num futuro mais justo estamos condenados a repetir o status-quo.
a discussão que se seguiu foi intensa e a maioria dos participantes tentou varrer o problema para debaixo do tapete ao adjetivá-lo como político e consequentemente não arquitetônico.
aqui vai a minha pergunta indignada da semana: a arquitetura, como ente público que transforma o espaço e interfere na minha relação com o mundo é iminentemente política.
ou vocês não acham que ignorar a desigualdade seja um ato também intrinsicamente político?
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6 comments:
Me lembrou uma história tão absurda quanto que eu vivi há alguns anos: apresentação de trabalho de planejamento urbano, era um monte de aluno de 3º semestre pensando no que fazer com uma área industrial vazia aqui de SP:
Um grupo - daqueles alunos que deveriam se perguntar porque estudam arquitetura - propõe a ligação de uma movimentada avenida a uma estação de trem com um calçadão e nada mais. E argumentam, enchendo o peito de orgulho pela "percepção": "Não existe comércio próximo a estação de trem porque como as pessoas que usam são de baixa renda, não tem dinheiro para consumir."
Pena que os professores foram mais discretos do que você, Fernando.
Fernando.
Da minha experiência, quanto mais "engajado" politicamente um estudante, mais dissociado fica na cabeça dela as duas coisas (arquitetura e política). Principlamente pela peculiaridade dessa "política" com que se doutrina alunos nas universidades, que prega a propria negação da política, ou seja, a ruptura, a revolução, baseada em outro conceito antipolítico, a supremacia de determinados "valores" (invariavelmente aqui, de esquerda) sobre os outros.
Vi TFG de acampamento do MST, vi "habitações sociais" em que no quarto nâo cabia uma cama(juro, e foi apontado pela banca).
Formação universitária precarissima tanto em arquitetura quanto em politica. Imagina quando junta as duas.
Alberto,
eu concordo que existe muito esquerdismo barato sendo vendido caro aos alunos de arquitetura, mas pra mim ainda vale a máxima de um velho professor da UFMG, Radamés Teixeira, que costumava perguntar nas bancas de TFG: como você acha que seu projeto torna o mundo um pouquinho melhor? Se o aluno demorasse mais de 5 segundos pra responder ele já disparava: você gastou 6 meses da sua vida em algo que não melhora em nada a vida dos outros?
O problema é gastar 5 anos e não aprender como melhorar a vida das pessoas ATRAVÉS da arquitetura.
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