Monday, November 3, 2008

salvemos nós mesmos o mercado

há tempos eu ando pensando em escrever sobre a questão dos mercados em BH e nos últimos dias duas notícias chamaram a minha atenção: uma reportagem dizendo que o Iphan quer tombar o Mercado Central e um e-mail sobre a luta para manter o Distrital de Santa Tereza.

mas o fato de ser um tema muito caro à minha família faz com que as idéias nem sempre saiam muito organizadas. Mesmo assim me sinto compelido a externar minha opinião.

faz mais de um ano que Olímpio e Olinto Marteleto (avô e tio-avô da Letícia) fecharam o Armazém Aymoré, depois de 75 (isso mesmo, setenta e cinco) anos de trabalho. Olinto foi embora dessa vida em setembro e Olímpio, aos 92 anos, ainda se preocupa com o Mercado como se preocupa com sua própria vida, isto porque sua vida sempre foi o Mercado. Mas o armazém não existe mais, fechado depois de dar prejuízo por muitos anos.

daí a minha frustração com os movimentos pelo tombamento do Mercado Central ou pela manutenção do de Santa Tereza. Nenhum mercado se sustenta sem uma base forte de clientes e a elite belorizontina que gosta tanto de mostrar o mercado para os visitantes já não faz compras lá há décadas.

pra mim já é tarde demais para os mercados de Santa Tereza e da Barroca, e não adianta restaurar e reabrir porque os pequenos lojistas que fazem destes espaços um espetáculo de cores e cheiros não tem a mínima condição de competir com os sacolões ou com o Epa-Carrefour. A não ser que os moradores da Barroca e de Santa Tereza passem a comprar lá semanalmente, o que eu duvido que venha a acontecer.

basta lembrar do mercadinho da Lagoinha que passou por uma restauração cuidadosa quando o Patrus era prefeito e foi reinaugurado com a presença de toda a intelligentsia de BH para poucos anos depois estar novamente às moscas.

já o Mercado Central pode ser salvo pelo alcance metropolitano que ainda emana dalí. Tanto a base de clientes das classes C e D que passam por lá antes e depois do ônibus, diariamente (e é quem compra de verdade no mercado), quanto das classes A e B que passam por lá de vez em quando (para comprar algo especial ou para mostrar aos turistas) ainda sustentam, no limite, as bancas sobreviventes.

então meus caros, para salvar o Mercado Central e evitar que ele se transforme numa versão melhorada do Shopping Oi, façamos lá as nossas compras do mês

e antes que me acusem de cínico ou de romântico aviso que quando estamos em BH é lá que compramos frutas e verduras, mesmo tendo um Mart-plus a 100 metros de casa.

outras estratégias, por reforma ou por decreto, estão na minha opinião fadadas ao fracasso.

3 comments:

Marco Antonio Souza Borges Netto - Marcão said...

Fernando,

a Prefeitura de BH está com 3 propostas de revitalização do mercado de Santa Tereza que os eleitores de BH escolherão. Mais informações no site http://portalpbh.pbh.gov.br/pbh/ecp/noticia.do?evento=portlet&pAc=not&idConteudo=24556&pIdPlc=&app=salanoticias.

Sobre o Mercado Central, no meu blog (http://revistacrise.blogspot.com/2008/01/fim-do-mercado-central.html) há um post sobre ele e concordo com você. Nos comentários eu complemento o post com uns dados sobre o Mercado Central.

E vale lembrar que os lojistas são contra o tombamento do Mercado Central.

Unknown said...

Meu avô Olinto faleu dia de AGOSTO e não em setembro como citado no seu depoimento! que por sinal ficou ótimo e concordo exatamento com tudo que diz!!o povo ir contra é muito fácil,mas ajudar a manter o estabelecimento aberto já é outro caso....

Mario Rodarte said...

Fernando,

Acho uma boa estratégia exortar a elite belohorizontina para preservar ela mesma o mercado central privilegiando-o nas suas compras.
Contudo, na minha visão de consumidor frequente de lá, acho difícil que as coisas mudem significativamente pela simples razão de que dois corpos não ocupam o mesmo lugar no espaço. Tente ir ao mercado central no final de semana. Primeiramente, terá muita sorte se conseguir uma vaga no estacionamento. Depois, ao adentrar o recinto, perceberá que o eventual incremento de mais pessoas ali tornaria o lugar completamente intransitável. Aliás, nota-se aqui e ali um grande desconforto pelo excesso de gente, principalmente próximo aos bares e restaurantes. É isso.

Parabéns pelo blog e até mais.
Mario Rodarte