Thursday, October 23, 2008

Foster volta a New York




a New York Public Library (foto acima) anunciou hoje que Baron Norman Foster (sim, ele tem o título de barão) foi o escolhido para a reforma e ampliação do famoso edifício da 5ª. Avenida construído em 1911.

a discussão que se seguirá promete porque o prédio em questão carrega um forte significado simbólico para NYC e Foster como todo bom arquiteto que se preza vai intervir na estrutura quase centenária para adaptá-la ao século 21, alterando com certeza sua imagem.

uma estrutura de vidro como a do Reichtag ou da prefeitura de Londres é o esperado mas eu gostaria de ver Foster incidindo mais no edifício em questão como Renzo Piano fez com elegância na Morgan library.

digo isso porque acho que depois de toda a destruição promovida pela arquitetura moderna nós vivemos agora um zelo exagerado que faz de qualquer casinha velha um “patrimônio”. É certo que os entusiastas do modernismo (entre os quais me incluo) normalmente esquecem do tando que se demoliu para que nossos lindos modernos pudessem ser erguidos.

e desde que a discussão seja em cima de parâmetros arquitetônicos o debate é muito bem vindo e saudável. Ou alguem imagina o que seria da arquitetura moderna brasileira se o conselho municipal do patrimônio existisse em 1939 e barrasse a construção daquele hotel em Ouro Preto, projeto de um jovem arquiteto de 30 e poucos anos chamado Oscar Niemeyer.

5 comments:

Mário do Val said...

Fernando,

No projeto que desenvolvo este semestre lá na faculdade entro em contato com este conflito: primeiro numa escala do bairro, um bairro tradicional e degradado aqui de São Paulo, em que nenhuma das equipes atacou muito de frente este ponto do patrimônio - preservar ou destruir.

Agora numa fase individual peguei uma quadra onde está implantada parte de um conjunto de casinhas antigas pintadas como "interesse histórico/arquitetônico" no mapa da prefeitura. Mas o que fazer com elas? Acabei não intervindo, deixei-as com suas fachadas descaracterizadas pelos moradores e por enquanto vou construir uma biblioteca atrás. Tá bem esquisito...

Unknown said...

O pior é ver isso acontecendo em cidades brasileiras como a minha, que é Juiz de Fora.
O problema é em outro sentido, mas o raciocínio é o mesmo: por sermos uma cidade novíssima (160 anos), qualquer sobrado velho sem importancia arquitetonica ou histórica alguma é levado a sério como se fosse o Tempieto de Bramante.

Marco Antonio Souza Borges Netto - Marcão said...

Preservação é um tema muito instigante e a teoria está anos-luz da prática. Há um total descompasso.

A Orquestra Sinfônica de Minas Gerias, por exemplo, que deverá ter sua sede construída em um prédio tombado na Praça da Liberdade, antiga sede do poder do Estado.

O projeto, escolhido através de um Concurso Nacional de Arquitetura, foi vencido pelo arquiteto Humberto Hermeto.

Mas as obras estão suspensas pois os órgãos de proteção não se entendem. E há ainda a possibilidade do o arquiteto Gustavo Penna projetar o novo prédio em outro local.

Fernando L Lara said...

Marcao voce tocou direto na minha ferida. Eu sou membro da equipe que venceu o concurso da orquestra e metade das minhas frustracoes vem deste projeto apenas. A outra metade vem de.... bom, aos poucos eu vou soltando aqui no blog.

mas o que mais doi eh que espremendo milhares de paginas de processos, audiencias, apresentacoes e comissoes nao sai nada que seja digno de uma boa discussao arquitetonica sobre o que vale e o que nao vale ser preservado

e assim o embrolio continua ad eternum.....

Anonymous said...

qdo o edifício não tem nenhum valor nem histórico, nem arquitetônico, é uma bobagem tanta celeuma. e mesmo que tenha valor histórico (não arquitetônico), às vezes pode ser resolvido de outra forma, não necessariamente com a presença do edifício. isso posto, a relação entre obra "antiga" e obra nova pode ser muito rica. O Reichtag, na minha opinião, está perfeito. E do mesmo Foster, eu vi uma foto de um skyline de Londres com a Torre de Londres, a tower bridge e aquele "ovo" do town hall, que é de uma beleza! tudo tão bem encaixado que parece que sempre esteve ali. mesmo o pepino do foster está bem colocado nesse skyline. O conjunto todo conta a história da cidade e até mais: você meio que entende (ou pelo menos percebe) a Inglaterra de uma olhada só!