como todos os meus cinco leitores já sabem, desde 1996 eu vivo entre Belo Horizonte e Ann Arbor, Michigan. Nesse tempo todo eu percebo com tristeza que Ann Arbor vai ficando mais careta a cada ano. Não tem mais naked mile (corrida de alunos pelados), não tem mais hashbash (festival de cannabis no campus) e proliferam os SUVs por todo lado, ainda que convivendo lado a lado com as plaquinhas de impeach bush e no war for oil em 70% dos jardins.
mas ao voltar pra essa outra casa esta semana, encontrei entre as centenas de correspondências junk-mail uma cartinha da prefeitura que me deixou feliz, entusiasmado mesmo.
a partir deste mês a companhia municipal de saneamento vai passar a cobrar a taxa de água pluvial (storm water) com base na metragem quadrada impermeabilizada do seu terreno. Terreno permeável paga menos, casa grande e quintal cimentado pagam mais. E se você instalar coletores de água de chuva ganha um desconto. Se construir um pequeno canteiro de infiltração (um morrinho invertido para captar água de chuva) ganha um desconto maior ainda.
mais informações aqui
11 comments:
Fernando, interessante a idéia da Prefeitura aí, taxando os 'anti-ecológicos' e premiando os ecológicos. É uma ótima idéia, além de outras que existem. Abraços para você e Letícia.
Bom, Fernando, deixa eu ver se eu entendi:
você é a favor de uma festa de maconheiros pelo campus,
contra a "guerra pelo óleo", (mesmo sendo público que seria, aliás, efetivamente ERA mais barato comprar o oleo do proprio Iraque)
e afavor de resolver problemas urbanos através de taxas (talvez você não conheça as brilhantes experiencias paulistanas da taxa da luz e do lixo da dona Martaxa).
Bom, se bem que agora olhando tudo junto, faz sentido...
Sabe que a principio a idéia de pagar taxas só penaliza mais muitas pessoas, pelo menos no Brasil, mas acho que o que vai acabar acontecendo é que muitas pessoas só tomarão uma posição em favor do meio-ambiente quando começar a doer em seus bolsos. Claro, devemos começar de outras formas, com outras medidas. Em São Paulo, pelo que eu li, nesse ano foi aprovada uma lei que exige o aproveitamento das águas pluviais. Já é um bom começo, longe da perfeição, mas um começo.
Henrique
prezado Alberto,
sobre a discriminalizacao da cannabis, sim sou a favor, desde que cobrados os debidos impostos.
agora politica urbana sem taxas so na Venezuela ou no Oriente Medio. Ate onde eu sei a rede de escoamento pluvial eh paga em qualquer pais do mundo. A questao eh quem paga e quanto paga. Sou a favor da taxa ser proporcional ao tamanho da edificacao e seu impacto na impermeabilizacao do terreno.
Concordo com o Henrique e acho que seria otimo nao termos impostos ou taxas para resolver o problema.
mais quais seriam as alternativas?
Fernando e Riques
Em 1o lugar, acredito que a receita municipal de cidades como São Paulo - superavitária desde o ano passado, com razoável folga -na prática dá e sobra pra atender as demandas que são globais.
Em 2o, mesmo que o dinheiro não desse, penalizar a população, QUALQUER PARCELA DELA, pela inexistencia de planejamentos urbanos e infra-estruturais decentes ao longo das ultimas décadas é um disparate. Se não tem dinheiro, financie ou faça parcerias. Jogar pro bolso do cidadão é dizer a culpa é sua, E EFETIVAMENTE NÃO É NEM NUNCA FOI. É de um estado ignorante e corrupto.
Em 3o lugar, posição "em favor do meio ambiente" é algo abstrato suficiente para se tornar uma caixa de pandora. Até que ponto se tem que favorecer o meio ambiente? indefinidamente? pode-se tributar tudo então,o ar poluído, o uso de sacos plásticos? É delírio.
Por fim, mas praticamente como um paralelo: Quer anistiar os traficantes também?
pois é Alberto,
temos décadas de falta de planejamento e desgoverno para serem concertadas.
o que eu queria chamar a atenção é que VOCÊ já paga taxa de esgoto e taxa de água pluvial embutida na sua conta de água, independente do índice de permeabilidade da sua propriedade ser 10 ou 80%.
mas o certo é que um índice de permeabilidade alto evita enchentes, contribui para diminuir as bolhas de calor e evita que se gaste mais dinheiro com obras de contenção e escoamento de água pluvial.
agora essa conversa sobre o controle do orçamento público é fundamental. Nos últimos anos a lei de responsabilidade fiscal amarrou os administradores: ou se cortam despesas ou se aumentam receitas, não tem outra solução. Sugiro que você de uma olhada no orçamento de qualquer cidade brasileira, veja onde podem ser cortadas despesas e vai lá explicar para o aluno, para o doente ou para o próprio policial que vai haver cortes na parte que lhe toca.
e esse papo de anistiar traficantes vem de onde mesmo?
Fernando.
5 leitores não!
comigo já são 6.
Um crescimento de 20% em um dia, impressionante!
Fernando
A culpa não é da Lei de Responsabilidade Fiscal. Essa lei diz nada mais é do que obrigar o governo a pagar a as dívidas que assumiu. Quem já prestou um mísero serviço para qualquer uma das esferas sabe como é complicado receber. A lei é nada mais que uma norma moral regulamentada. O problema sempre foi a farra oficial e a falta de prioridades.
Reportagem do JN ontem mostrou que trabalhamos nada menso que 9 meses/ano para pagar impostos mais os serviços que eles deveriam fornecer por lei mas não fornecem. Ou seja, de cada 10 reai que você ganha, 7,50 é a taxa por ser brasileiro. Vocês acham pouco.
Ou seja, que EU já pago pelos serviços que eu não recebo, tô careca de saber. Criar áreas de permeabilidade na cidade, OU QUALQUER OUTRA SOLUÇÃO INFRA-ESTRUTURAL, não é responsabilidade minha, mas do municipio. Se o governo quiser me dar UM INCENTIVO a ajudar, eu aceito. Fora isso, é um disparate.
Traficantes traficam o que? Cê sabe de onde vêm o papo.Ou você acha que ao descriminalizar as drogas elas vão passar a ser fornecida por outras "empresas" sem ser as FARC? O que fazer com elas? RELAXA E TRIBUTA?
"Em favor do meio ambiente" foi uma maneira de falar para não me alongar muito. Mas, até quando eu acho que isso deve ocorrer? Para sempre respondo eu -- não digo taxar para sempre, mas uma posição ambiental sim deve ser parte da práxis de cada pessoa. Já passamos da época de pensar que pensar em meio ambiente é coisa de doidos, hippies e similares. Estamos sofrendo as consequencias e ainda fazemos muito pouco. Principalmente no Brasil. Aqui na Europa, na Espanha especificamente, o código técnico da edificação determina que sejam analisados desde as questões de orientação solar da edificação, tipos de paredes e janelas com determinados coeficientes térmicos, uso de energias renováveis, etc. E o não cumprimento de algumas dessas questões não libera a obra, simples assim. No Brasil muitas dessas questões estão em debate na ABNT, mas daí a virar lei e condição "sine qua non" para aprovar um projeto, estamos muito longe. E saquinhos plásticos, é preciso pagar em muitos supermercados. No supermercado DIA eu pago 0,03€, enquanto na IKEA me cobram 0,50€ por um saco de papel vagabundo que rasgou 5 minutos depois. Enquanto isso, nosso governador, que sabe-se lá porque, não se compadece e continua permitindo o uso das sacolas plásticas indiscriminadamente...
Rique,
eu concordo. O custo ambiental tem de ser incorporado a todos os empreendimentos e não somente empurrado pras próximas gerações.
O Alberto tem razão quando chama a atenção para o desperdício de dinheiro publico. Acredito que tão importante quanto a responsabilidade individual de cuidar do meio ambiente começando pela sua casa é a responsabilidade cívica de cobrar o uso adequado dos impostos.
Agora me desculpe Alberto, mas a busca de um mundo melhor É SIM responsabilidade de todos. É triste ler o contrário no seu comentário acima.
Oi! Eu estava buscando informações sobre Ann Arbor no google e acabei caindo aqui no seu site.
Existe a possibilidade de passar um tempo ai a partir do ano que vem, pra frazer pós-graduação, e estamos tentando ter um ideia de como eh a cidade, onde poderiamos morar, etc.
Se não te incomodar e vc estiver disposto a, vc pode criar um post ai descrevendo um pouco o lugar, algumas dicas ou coisa assim?
Agradeço.
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