Friday, June 20, 2008

Lelé contamina





quando se fala na obra do genial João Filgueiras Lima, o Lelé, sempre se destaca sua dedicação aos sistemas pré-fabricados para logo depois vir a ressalva: uma pena que não há continuidade, que ninguém mais usa tudo que ele desenvolveu.


pois eu discordo.

acabei de chegar de Salvador e depois de rodar pela cidade por 3 dias, vendo suas obras e tudo o mais que se tem construído por lá, fiquei felizmente surpreso de ver que Salvador usa mais pré-fabricação que qualquer outra cidade brasileira que eu visitei nos últimos anos.


na saída norte, desde a Av. Paralela até a estrada do coco que rasga Lauro re Freitas e segue para o litoral, são inúmeros os predinhos e galpõezinhos estruturados e fechados com placas, vigas e colunas em concreto pré-fabricado.


o que isso me diz é que Lelé fez escola sim, e deixa com certeza um legado riquíssimo para a sua Salvador. Mas obcecados que somos com a originalidade e a autoria, não percebemos uma disseminação maior que acontece ao largo das pranchetas dos arquitetos famosos.


basta imaginar quantos milhares de pessoas trabalharam nas obras com Lelé ao longo de todos esses anos. E estes todos, do engenheiro ao servente, ganharam uma familiaridade com os sistemas pré-fabricados que não existe em outras praças e faz de Salvador um caso muito especial.


oxalá Lelé

4 comments:

Marco Antonio Souza Borges Netto - Marcão said...

Olá, professor Fernando,
Tudo bem?
Intempestivamente li seu comentário no blog www.revistacrise.blogspot.com.
Fui aluno do Paulo Kruger e do Luiz Felipe Faria no Centro Universitário UNA. Inclusive participei de uma palestra que você fez na UNA, a convite do Paulo.
Atualmente, por motivos profissionais, estudo Arquitetura e Urbanismo na PUC Minas. Passei para o quinto período.
Participei, quando pude (pois além de fazer arquitetura e urbanismo, faço mestrado. O horário do seminário coincidiu com o horário das aulas dos cursos), do seminário "Toró", realizado na PUC.
Espero que continua lendo e participando do blog "REVISTA CRISE [!]", que retornou.
Com relação ao seu blog, gostei muito e, além de acompanhá-lo, o divulgarei no meu blog.
Abraços,
Marcão.

Marcelo Palhares Santiago said...

O Lelé esteve aqui em BH duas semanas atrás numa palestra incrível (apesar da infra-estrutura precária do auditório...). Lelé apresentou muito mais que projetos de autoria, mas processos completos de produção/fabricação que vão muito além do desenho da arquitetura. Na rede Sarah ele é responsável pelo desenho e produção de sistemas de transporte (ônibus, elevadores), equipamentos hospitalares complexos, sistemas automatizados de vedação e controle de ar, móveis em geral, etc... Se analisarmos não só a qualidade do design, mas todo o processo de criação e os sistemas de produção, Lelé é pode ser considerado o arquiteto mais completo da história do Brasil e tanto ou mais merecedor de um Pritzker do que os outros dois...

Anonymous said...

O problema as vezes é pensar que não consiguiremos ser original com a pré fabricação. O que eu discordo.

................ Marco Artigas Forti said...

O lelé é um dos arquitetos que mais fez pelo Brasil e continua fazendo. Tive a oportunidade de conhecer o CTRS em Salvador e é incrível o que a cidade tem de desenho dele.
E concordo com o Ricardo. A pré fabricação é muito original.
O que esquecem é que a estrutura metálica também é pré fabricada, a aragamassa armada desenvolvida por Lelé e equipe é leve e facil de montar e transportar.
É so dar uma olhada na evolução dos hospitais da Rede Sarah, sempre originais e mantendo a linguagem do arquiteto. Compare o de Salvador com o do Rio ou o de Brasília.