ontem passei a tarde na Parsons [New] School of Design e em decorrência da conversa com Kent Kleiman estou até agora matutando sobre a difícil relação entre a universidade e as escolas de arquitetura.
Kent me falava sobre as dificuldades de dirigir uma tradicional escola de design - a Parsons - que a pouco mais de duas décadas foi incorporada por uma tradicional universidade com foco nas ciências sociais - a New School for Social Research, baluarte da esquerda norte-americana. Daí o novo nome: Parsons the New School of Design.
de certa maneira o dilema da Parsons é comum a grande maioria das escolas de arquitetura: a ênfase em pesquisa e a medida de sua excelência através de publicações não se aplica diretamente à arquitetura. A Parsons tem 110 professores, 15 de tempo integral e 95 de tempo parcial. Com isso a escola atrai os melhores arquitetos de Nova York (e não são poucos) e consegue se manter como pólo de intensa criatividade.
claro que as diferenças geram atrito com a administração da universidade que muitas vezes tem muita dificuldade em compreender a especificidade de uma exposição ou todo o esforço colocado num concurso ou num projeto construído.
pode parecer contraditório (se olharem meu currículo verão dezenas de artigos publicados e poucos projetos) mas acredito piamente que não se consegue formar uma escola de arquitetura de excelência só com professores doutores em dedicação exclusiva que passam a maior parte do tempo escrevendo projetos de pesquisa, relatórios e artigos. Falta alguma coisa, ou melhor, falta muita coisa: falta o exercício do projeto, da maneira que for possivel.
nesse sentido, acho que a obrigatoriedade de dedicação exclusiva é um dos maiores entraves à melhoria do ensino da arquitetura atualmente. Revogue-se a dedicação exclusiva e dezenas de jovens arquiteto/as voltarão correndo para ensinar nas UFES onde se formaram, possibilitando o efetivo casamento entre boa teoria e boa prática. Mantenha-se a dedicação exclusiva e estes mesmos jovens continuarão ensinando em escolas onde a inovação e a pesquisa são caras demais seus balancetes semestrais.