Friday, August 29, 2008

certo por linhas tortas


foi de certa maneira uma surpresa a escolha, anunciada hoje, de Sarah Palin como vice na chapa de John McCain. Governadora do Alaska e extremamente conservadora, Palin está longe de ser o meu modelo de mulher no poder (Hillary seria um pouco melhor mas ainda longe do ideal).

mas o fato de a extrema-direita norte-americana ter de engolir uma mulher no commando do país (e mais importante ainda, das forças armadas) já sinaliza uma vitória, ainda que simbólica, da igualdade sobre a tradição machista. Se eleito, McCain será o mais velho norte-americano a assumir ao presidência aos 73 anos e escolha de Sarah Palin nestes termos significa pra mim duas coisas:

1) uma esperteza enorme dos republicanos que fazem qualquer coisa para ganhar eleição

e

2) a confirmação de que para ter alguma chance nesta eleição eles tiveram de se dobrar aos tempos e colocar uma mulher de vice para concorrer com um negro de sobrenome árabe.


por mais conservadora e retrograda que Palin seja, é mulher e mãe, e isso simbolicamente já é alguma coisa.

ou seria mais uma armação eleitoreira de Karl Rove?

ps: domingo dia 31/8, 48 horas foram o bastante para que eu percebesse a extensão da direitisse da dona Palin. Corrigo o que escrevi acima com a seguinte comparação: a indicação dela equivale a nomear um gay homofóbico ou um latino anti-imigração (o que Bush já fez com Albert Gonzales.

9 comments:

Anonymous said...

rapá,

a mulher é extremamente conservadora, evangélica fundamentalista, fervorosamente contra o aborto, prega o ensino do criacionismo nas escolas, tem esse escândalo mal contado de ter mandado demitir o ex-marido da irmã simplesmente por ele ter se tornado ex-marido da irmã, pouca experiência política (ser prefeita de uma cidade de 9.000 habitantes antes de ser governadora de um estado com menos de 700.000 habitantes não é lá essas coisas, né?)...

concordo que os republicanos estão sendo obrigados a dar uma resposta aos novos tempos, e ao desejo manifesto da população americana por mudanças. Mas essa de escolher uma mulher apenas por ela ser mulher é muito pouco. Essa moça é um retrocesso - e olha que estamos falando de um governo que vai ser estabelecido depois de 8 anos de Bush! Conseguir ser pior que isso é difícil, mas eles estão tentando...

Fernando L Lara said...

concordo Max. Acho que escrevi o post sem saber direito a extensão da direitisse da dona Palin.

vide postscript no proprio post.

abs,
Fernando

Henrique Gonçalves said...

Esses republicanos sabem o que fazem!
hehe

Marco Antonio Souza Borges Netto - Marcão said...

Quem me dera se os políticos do Brasil (para não dizer muitos brasileiros) tivessem contra eles apenas esses adjetivos (extremamente conservadora e evangélica fundamentalista) e o "escândalo" do ex-marido, que não chega ao chulé dos escândalos brasileiros.

No Brasil, além de políticos conservadores, retrógrados, patifes, o país é hors concours em corrupção; em favor de democracia proibe que o cidadão saiba do passado "sujo" ou "limpo" dos candidatos (alguém disse democracia?); o corolenismo ainda existe; está mais próximos de um modelo de governo semelhante ao da Venezuela do que o de um país desenvolvido...

Vamos importar dona Palin.

E você, Fernando, ainda tem dúvidas se fica aí ou aqui.

Anonymous said...

Mas afinal, quais são as posições políticas dela?

Queria saber do que você está falando exatamente, porque daqui só se vê um conjunto de platitudes que não distinguem ela de absolutamente ninguém.

Ser contra o aborto, ou a retirada imediata do Iraque, a coloca em uma confortável maioria - e não só entre os americanos.

By the way, Mr. Flip-Flop já se posicionou sobre esses dois temas, digo definitivamente? "Change" parece ser realmente o conceito da campanha...

Fernando L Lara said...

o Max ja escreveu ai em cima: a Palin defende o ensino do criacionismo nas escolas. Isso pra mim ja eh mais do que suficiente pra qualifica-la de extremista. Tem tambem alguns escandalos la no Alaska (que se parece um pouco com Alagoas no que tange a apropriacoes do estado por interesses privados). Marcao, o Brasil e os EUA sao muito mais parecidos do que ambos conseguem admitir. E agora apareceu com a filha de 17 anos gravida o que para a base republicana pode ser fatal.

sei nao, acho que o veterano de guerra McCain disparou um tiro certeiro no pe.

Anonymous said...

Cara, vou te falar o que eu acho pra depois me desdizer, um pouco. Em um modelo de ensino isento, você teria que ilustrar equalitariamente a teoria da evolução, a do design inteligente -no campo da biologia - e ocriacionismo no campo da história.

O Cristianismo enquanto religião se aprende na Igreja, mas enquanto conceito se aprende sim na escola, pela sua importância no desenvolvimento das idéias. Simples assim: você só pode contestar o criacionismo hoje porque você aprendeu o que é.
De resto, a teoria da evolução não só não tem evoluído (da condição de "teoria", for instance) como a do design inteligente tem desenvolvido mais.

Então, sem reducionismos, na minha opinião, criacionismo deve ser ensinado nas escolas.

Agora, (e aí me desdigo) acho que isso não é matéria de discussão política -ou ao menso não deveria ser. Talvez tenh sido resgatado o assunto junto com o profile dela, e tal, mas acho o seguinte: isso não é matéria para ser decidida pelo Estado.
Muito menos em um país federalista como os EUA. Cada escola que ensine o que achar que deve, cada um que estude o que achar que deve.

E de resto, não creio que nada faria um republicano votar em Obama, num a descobert de uma segunda familia interir de bastardos do McCain. No fim das contas, o buraco é mais embaixo.

Anonymous said...

Um PS se faz necessário: assisti ao discurso de Palin na CNN (além de ter feito a lição de casa nesse meio tempo). Não vi nada de fundamentalismo. Ao contrário, vi fundamentação. Os democratas estão em sérios apuros.

Fernando L Lara said...

Ô Alberto,
as vezes parece que a Sarah Palin é que ia achar você um radical.... olha direito, esse papo de que vou governar o país como governo meus 5 filhos me parece uma enganação horrorosa na qual metade dos americanos estão prontinhos para embarcar.