Monday, February 8, 2010

preservação histérica / histeric preservation



a semana foi intensa aqui na UTSOA, com as palestras de James Holston na segunda e Jorge Otero Pailos na quarta. Entre tantas questões interessantes abordadas destaco o tema da preservação que de certa forma foi o tema central de ambas.


Holston falou bastante sobre Oscar Niemeyer, fazendo uma leitura antropológica que celebra o Copam e destrói o Memorial da América Latina, crítica justa na minha opinião. Eu mesmo já escrevi várias vezes aqui no Parede que Niemeyer vem destruindo sua própria obra desde os anos 80 com uma sucessão de projetos horríveis cujo ponto de partida foi o triste Memorial do Quercia. Mas foi ao falar do tombamento de Brasília que Holston se destacou. A idéia de congelar uma cidade inteira (ou a parte nobre dela) trai o espírito original de Brasília, Segundo Holston, de um experimento urbano radical e projetado para o futuro. O Iphan, criado pelo mesmo Lucio Costa, teve como missão original preservar a qualquer custo um patrimônio colonial que estava caindo aos pedaços. O erro foi não deixar esta teoria de preservação evoluir. Tombou-se o conceito de preservação histérica.


e é aqui que entra o mais criativo e provocador estudioso contemporâneo da preservação: o espanhol Jorge Otero Pailos, professor em Columbia, NY e vice presidente do DOCOMOMO US. Jorge já começa criticando o “desejo de invisibilidade” dos preservacionistas, sugerindo que cada edifício merece uma intervenção criativa que se torna parte da evolução natural das estruturas. Sua provocante “ética da poeira” lembra que nem as pedras estão paradas no tempo, constantemente absorvendo e expelindo matéria.


na minha opinião este é o mais importante debate a respeito da nossa herança moderna. Ouro Preto já está perdida para um conceito arcaico de preservação pastiche. A mesma Ouro Preto onde Lucio Costa “colonizou” dezenas de edifícios neo-classicos. Resta lutar por uma preservação mais inteligente dos edifícios modernos, a verdadeira jóia da coroa do ambiente construído brasileiro.



the week was intense here at UTSOA with lectures by James Holston on Monday and Jorge Otero Pailos on Wednesday. Among many interesting questions raised I would highlight the issue of preservation that was to some extent the focus of both.


Holston talked a lot about Oscar Niemeyer, threading an anthropological critique that celebrates Copam and ridicules the Memorial of Latin America. Fair game in my opinion for I already wrote many times here that Niemeyer is destroying his own legacy since the 1980s with a succession of awful projects that started with the Memorial. But it was talking about the preservation of Brasilia that Holston hit the bull’s eye. The idea to freeze an entire city (or the best part of it) betrays the original spirit of Brasilia: a radical and audacious urban experiment launched towards the future according to Holston. The Iphan (Brazilian Institute of Conservation), created by the very same Lucio Costa back in 1937, had as original mission to preserve at any cost a colonial heritage that was falling to pieces. The mistake was to not allow this theory of preservation to evolve during the 20th century. The idea of histerical preservation preserved itself.


and it is here that the most creative and provoking contemporary scholar of preservation enters the scene: the Spaniard Jorge Otero Pailos, professor at Columbia, NY and vice president of DOCOMOMO US. Jorge starts by criticizing the “desire for invisibility” of most preservationists, arguing that each building deserves a creative intervention that will becomes part of the structure’s natural evolution. Its provocative “ethics of dust” reminds us that nor even stones are frozen in the time, constantly absorbing and expelling matter.


in my opinion this is the most important debate regarding our modern heritage. Ouro Preto (Brazilian 18th century larger city) is already lost to archaic pastiche preservation. The same Ouro Preto where Lucio Coast “colonized” dozens of neo-classic buildings. If there's any hope left it implies fighting for a more intelligent preservation of the Modern Movement buildings, the true jewel in the crown of the Brazilian built environment.

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