em tempos de extensa virtualidade a arquitetura é mais presente quando não funciona, quando as luzes se apagam, ou descem as encostas, ou a terra treme.
na verdade a fragilidade da vida nem precisa do colapso da arquitetura para se revelar, basta um único tijolo caindo do andar de cima. De repente a arquitetura se faz fragilíssima diante da natureza, levando consigo várias vidas e deixando pra trás a insuportável consciência de seu peso, sua matéria, sua gravidade.
um dos artigos meus de que mais me orgulho trata disso e pode ser lido aqui ou aqui: a arquitetura é mais visível quando falha.
mas para não ficar só lamentando a fragilidade e a irrelevância da arquitetura deixo aqui dois argumentos em contrário.
Martha Skinner e Doug Hecker deixaram de ficar apenas desenhando containers servindo de habitação popular e puseram a mão na massa (ou na lata), cortando, pintando e remendando um container pra provar que a idéia é viável. E sabe onde está um dos maiores depósitos de containers aposentados nas Américas? No Haiti que importa mais do que exporta e por isso tem um superávit de containers.
do outro lado do mundo John Scott-Railton (quem eu tive a honra de ter como orientando) levou alguns GPSs para o Cambodja e junto com uma ONG local mapeou uma comunidade que o governo queria expulsar. De posse do mapa (desenho é poder sim, não nos esqueçamos) o grupo tem conseguido uma posição muito melhor na negociação.
a arquitetura é sim quase sempre invisível até o ponto de rompimento, quando se torna pesada e dura,
mas não irrelevante.
in times of intense virtuality architecture is more present when it doesn’t work, when the lights are off, when the mudslides come down or when the earth shakes.
in fact, life’s fragility doesn’t even requires architecture’s collapse to reveal itself, all it needs is a loose brick from the floor above. Suddenly architecture becomes extremely fragile in face of natural forces, carrying with it’s failure several lives and leaving behind the unbearable awareness of its weight, its materiality, its gravity.
one of my favorite pieces talks about the fact that architecture is more visible when it fails (it can be read here or here)
but instead of lamenting the frailty and the irrelevance of architecture I leave here two arguments for the contrary.
Martha Skinner and Doug Hecker decided that architects should stop drawing emergency houses made out of shipping containers and went one step ahead: cutting, painting and patching an old container to prove it can be used as affordable, durable and ready-made houses. And guess where are the largest number of retired containers in the Americas: in Haity, a country that imports more than exports and therefore has a surplus of shipping containers.
and in the other side of the world John Scott-Railton (whom I once had the honor of advising) took a few GPS units to Cambodia and helped a local NGO produce a map of a shanty town that was under the threat of being evicted. The threat is still there but armed with only a map (yes, drawing is power, we should never forget that) is now in a much better position to negotiate.
architecture is very much invisible until it fails and becomes hard and heavy,
but it is not irrelevant
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