Monday, July 27, 2009

1800 esperanças / 1800 hopes

ontem tive a honra de fazer a palestra principal do primeiro dia do Encontro Nacional dos Estudantes de Arquitetura, ENEA. Logo de cara me vem as memórias do Enea de 89 em BH que ajudei a organizar (e enxugar a escola inundada por uma cano rompido) e de outros 3 Eneas que participei (Belém, São Paulo, Brasília). Essas estórias merecem seu próprio post no futuro, se bem que algumas são absolutamente impublicáveis.

mas o que me alegrou ontem foi ver a quantidade de alunos, a maioria dos períodos iniciais do curso, que me procuraram perguntando pos referências, sites, links que tratem da questão da sustentabilidade no ensino de projeto. Gente de todo canto do Brasil que percebe a carência de informações confiáveis sobre o tema e o despreparo de seus professores no assunto. É preciso lembrar que não é por má vontade que os professores de hoje não tratam da emergência energética e da exaustão dos recursos naturais. Não fomos treinados pra isso, não tivemos ninguém pra nos ensinar. Mas também não dá pra negar que exista certa resistência ao assunto como se fosse mais um estilo ou moda passageira.

o interessante é perceber que assim como na revolução digital dos anos 90, são os alunos que vão trazer essa nova forma de pensar pra dentro das escolas. Por isso o Enea, lócus por excelência da formação da identidade (e dos discursos) do futuro profissional da arquitetura, é tão importante como termômetro da comunidade discente.

e o Enea estava fervendo de vontade de saber mais sobre energia, água e ecologia urbana.


yesterday I had the honor of delivering the opening lecture at the ENEA, Brazilian Congress of Architecture Students. Among many memories of going to such meetings 20 years ago (some not publishable), I was very happy to see so many students from every corner of Brazil interested in sustainability issues.

asking for references, websites and links, the students were eager to get information that their instructors are unable to deliver. Not because they don’t want to (although I do see some resistance as if energy conservation were another style, another fashion) but because they (or I should say we) were not educated on such matters.


it was very interesting to see that much like the digital revolution of the 1990s, the students are the ones bringing change to architecture schools. Even more in the ENEAs, privileged locus of the formation of the identity of future professionals, thermometer of the student community.

and the ENEA was feverish about water, energy and urban ecology issues.

9 comments:

luciano l. basso said...
This comment has been removed by the author.
luciano l. basso said...

Fernando, que inveja... ENEA é sempre uma festa e o que acontece em um ENEA deve ficar em um ENEA, caso contrário nem os nossos netos terão respeito pela gente...

Interessante essa questão de os alunos levarem para dentro da faculdade a questão, nunca tinha me dado conta disso... e tu tens total razão!

Sobre os projetos sustentáveis ou no mínimo ecologicamente corretos, eu acho que muito do que está se fazendo é moda/tendência... e me preocupo que o básico segue sendo deixado para trás. Recentemente fui banca em uma faculdade aqui do sul e apareceu um projeto que tinha como característica ser sustentável... sustentável com um glassing oeste e outro norte, sem nenhuma proteção... e quando perguntei se havia a idéia de utilizar vidros duplos ou algum outro sistema a resposta foi "não pensei nisso... mas vou reaproveitar a água da chuva".

O lado bom é que pelo menos está se levantando o assunto... e algo de bom vai ficar, tem que ficar!

abraço
luciano

Anonymous said...

Ah, Luciano, eu sou das otimistas... Concordo com você que sustentabiliade é moda (às vezes, só moda mesmo)... mas também acho que, se a questão é levantada, já é um ganho, melhor que nem tivesse sido comentada. Em um caso desses que você citou, o simples fato de a palavra "sustentável" estar presente, possibilitou (acredito eu) que o conceito fosse discutido e alguns dos presentes voltassem para a casa com uma visão mais madura sobre o tema.
As modas surgem e desaparecem, cabe a nós tirar o máximo de proveito delas - para construir uma arquitetura mais legal. E essa moda tem pano pra manga - para discussões e arquiteturas de muita qualidade.

Anonymous said...

Ah, Luciano, eu sou das otimistas... Concordo com você que sustentabiliade é moda (às vezes, só moda mesmo)... mas também acho que, se a questão é levantada, já é um ganho, melhor que nem tivesse sido comentada. Em um caso desses que você citou, o simples fato de a palavra "sustentável" estar presente, possibilitou (acredito eu) que o conceito fosse discutido e alguns dos presentes voltassem para a casa com uma visão mais madura sobre o tema.
As modas surgem e desaparecem, cabe a nós tirar o máximo de proveito delas - para construir uma arquitetura mais legal. E essa moda tem pano pra manga - para discussões e arquiteturas de muita qualidade.

luciano l. basso said...

Renata, eu também estou no time dos otimistas... mas não basta sermos otimista. É nossa função mostrar para essa gurizada o que está certo o que está errado...

Mostrar que nem sempre teremos recursos para fazer projetos aptos a receber certificações e/ou recursos para realizarmos nossos projetos com vidros duplos, estações de tratamento de efluentes, telhados verdes... mas que mesmo sem estes recursos temos a obrigação de fazer o básico: trabalhar com a orientação solar a nosso favor, garantir a ventilação adequada aos ambientes, prever áreas permeáveis... e um monte de outras atitudes que são básicas e que devem ser tomadas independente de modismos e tendências.

Quanto à banca, sim a palavra sustentável estar presente possibilitou uma ampla discussão que corou não só o formando, mas o orientador também...

Renata, deixo aqui também a sugestão para que tu leia um texto que postei de algum tempo atrás, que trata exatamente dessa questão marqueteira dos selinhos verdes:

http://arquis.blogspot.com/2008/11/causos-arquitetnicos-o-tal.html

Isadora said...

Ser ecochato começa a ser necessário em alguns quesitos.

Anonymous said...

Luciano, adorei o post. Realmente acontecem vários casos assim: uma certificação que deveria ser boa, acaba sendo distorcida e usada para fins marqueteiros (no mal sentido).
Mas discordo dessa estória de "mostrar o que está certo e o que está errado". Acho que tudo o que é levantado por alunos (ou arquitetos mais jovens) é relevante - afinal, a universidade é lugar de discussão e trocas de pontos de vista. Ninguém sabe realmente o que é certo, e cabe a cada um acrescentar ao ponto de vista do outro o que sabe. Para mim Universidade é lugar de troca, muito mais que certo e errado. E se esse aluno viu a questão da sustentabilidade de forma parcial, cabe à banca examinadora do trabalho tentar alargar seus pontos de vista. Acredito que tudo que é trazido para uma discussão pode contribuir, cabe a nós, que temos mais experiência, tirar o máximo do que é trazido. Por isso me considero otimista. ;)

Anonymous said...

Ahhh o ENEA de 1990 em Sao Paulo, o que aconteçeu lá mudou um pouco minha vida, aquele tremendo frio Paulista e nois Goianos durmindo numa sala de aula que entrava o frio pelo teto brrrr apois essa noite nao durmimos mais!
As sesoes de Tai, a rodinha de papel maché, a escapada para o show do Ian Gillan (ex deep Purple), e os namoros... a plenaria, qué plenaria deixa isso para os CDF's.
Porra meu!
hasta la vista baby...

Rafael Lamú said...

É muito bom, depois de passado quase uma ano ver coisas sobre o encontro que organizei... existe muita coisa por aí que jamais saberei. Inúmeras histórias que aconteceram naquele mineirinho.. tantas pessoas voltaram para casa com um olhar diferente. Obrigado Fernando, por ter ajudado a mudar pessoinhas a voltarem melhor para casa. abraços