Monday, May 18, 2009

zumthor e moore

este post vai sair meio estranho porque a idéia é misturar Peter Zumthor com Charles Moore mas vamos ver se eu consigo explicar tal casamento.

estive no Texas na semana passada nas bancas finais da Universidade do Texas at Austin e no avião fui lendo o livro novo de Peter Zumthor que comprei meses atrás (antes do Pritzker vale dizer) e não tive tempo de ler antes do final do semestre. O texto é interessante, não tão refinado quanto seus edifícios e às vezes cheio de “verdades” meio subjetivas demais pra mim.

mas logo no início uma frase chamou a minha atenção e ficou gravada na minha cabeça. Zumthor escreve que são muito poucos os problemas arquitetônicos que ainda não foram solucionados, e continua afirmando que infelizmente a maioria dos arquitetos insiste em re-inventar soluções a cada projeto e com isso acabam atrasando o desenvolvimento da arquitetura.

pensei nisso durante os 3 dias em Austin e principalmente na quinta a noite quando a escola fez sua recepção de fim de ano na casa que Charles Moore construiu quando deu aula lá. Não sei se foi pelo ambiente descontraído e divertido da festa, pelo número elevado de colegas falando meu português ou pela casa em si mas o espaço parecia perfeito para uma festa. Dois pavilhões dispostos em L em volta de uma pequena piscina e com a articulação entre eles coberta do sol que ainda brilhava as 7 da noite mas aberta e ventilada. Dentro dos pavilhões o pé-direito varia de acordo com o programa e as cores, sempre muito fortes, dão o tom descontraído da casa.
em resumo, eu acho que os pós-modernos erraram na dose e acabaram jogando fora algumas das melhores características do modernismo. Mas quase sempre acertaram em serem modestos usando soluções consagradas para vários dos problemas arquitetônicos deixando de lado a obsessão vanguardista de reinvenção constante




this post will be a bit strange because the idea is to mix Peter Zumthor with Charles Moore but let me try to explain such weird marriage.

I was in Austin last week for the final reviews at the University of the Texas and used the airplane time to read Peter Zumthor’s new book which I bought months ago (before the Pritzker I should to say) and did not have time to read before the end of the academic term. The text is interesting, not as refined as his buildings and often times full of “subjective truths”.

but at the very beginning a phrase caught my attention and was stuck in my head. Zumthor writes that there are very few architectural problems that have not yet been solved, and continues explaining that unfortunately the majority of architects insists on re-inventing solutions to each project and the result is a delay in architecture’s collective development.

I thought about this during the 3 days in Austin and mainly on Thursday night when the school hold its end of year reception in the house that Charles Moore built when he taught there. I don’t know if it was for the relaxed environment, for the high number of colleagues speaking my Portuguese, or for the house in itself but the space seemed perfect for a party. Two pavilions in L around a small swimming pool connected by a covered open porch. Inside the pavilions the ceiling height varies in accordance with the program and the colors, always very strong, dictate the exciting tone of the house.

in summary, the post-modernists might have been wrong on the dosage and discarded many of the best modernist features. But they were almost always right in being modest and using consecrated solutions for several architectural problems, leaving behind the avant-garde obsession with constant re-invention.

4 comments:

AM said...

ia embalado na leitura quando a posta acabou :)
e que tal mais algumas palavras sobre a casa e ou mais algumas fotos?
um abraço do lado de cá
antónio

Marcelo Palhares Santiago said...

tive a mesma sensação de que o post parou no meio do caminho... também fiquei curioso sobre a casa e não entendi a relação deste projeto do Charles Moore com a frase do Zumthor. Onde ele aproveitou soluções consagradas neste projeto?

Fernando L Lara said...

Antonio e Marcelo,

acho que voces tem razao, ficou faltando elaborar mais sobre a casa. Na verdade o que me irritava nos pos-modernos era a excessiva citacao como se tudo ja tivesse sido inventado e o projetar fosse um copy-and-paste sem fim. Por isso a frase do Zumthor ficou gravada na minha cabeca porque ao contrario das minhas expectativas eu acabei gostando muito da casa do Charles Moore. Eh um stretch, eu sei, pensamentos arbittrarios se cruzando na minha mente. Mas prometo elaborar mais num post futuro.
abs,
Fernando

Ana Paula said...

Fernando, a revista eletrônica Vitruvius traz no último número dois interessantes artigos sobre o Zumthor. Num deles (http://www.vitruvius.com.br/drops/drops27_04.asp), o autor se refere à produção da obra de Zumthor como sendo silenciosa e densa, "constituída pela repetição intensa de pequenos componentes" que não revelam ritmos, "mas sim vibrações em diferentes intensidades que conferem maior ou menor opacidade à forma". Achei muito apropriado.

No outro artigo (http://www.vitruvius.com.br/drops/drops27_03.asp), mais crítico, os autores descascam o Pritzer, como sendo um prêmio que desvirtua o verdadeiro sentido da arquitetura, replicando modelos e arquitetos pomposos. Nesse sentido, eles dizem que a escolha de Zumthor pretende mostrar uma mudança de rumos nessa avaliação, mas sem muito sucesso. Olha o que eles dizem:

"É autor de uma obra fundamental mas que não deve tomar-se como antídoto aos excessos e esbanjamentos dos últimos tempos, posto que toda forma personalista de fazer arquitetura pertence a um modelo que deve ser revisado profundamente".

No mesmo número da revista tem um artigo bem interessante ainda sobre os tais muros ou "eco-limites" das favelas do Rio, e um outro sobre um crime que estão perpetrando contra as estações de metrô aqui do Rio. Sobre esse último assunto, eu já falei também lá no blog.

Abração.