Monday, May 11, 2009

buckminster fuller



no inicio de abril estive em Chicago e fui ver a exposição sobre a obra de Buckminster Fuller montada pelo Museum of Contemporary Arts. Nascido em 1895 Fuller foi o mais visionário dos arquitetos modernos norte-americanos. Expulso de Harvard (por ser pego com pornografia, imagine!) Fuller trabalhou na marinha durante a primeira guerra mundial e tentou tocar alguns negócios da família (sem sucesso) antes de resolver que ia ser inventor. Os protótipos Dymaxion dos anos 30 (um carro super aerodinâmico e uma casa a ser produzida em escala industrial) foram notados e Fuller começou sua carreira de professor errático, mudando de escola em escola enquanto trabalhava em projetos que juntavam industrialização e performance através de geometrias elaboradas.

sua obra mais conhecida é o pavilhão dos EUA na feira de Montreal de 1967 (a mesma para a qual Moshe Safdie construiu o Habitat), uma esfera geodésica de aço e acrílico com 62 metros de altura e 76 metros de diâmetro equatorial.

o que vale a pena discutir a partir da obra de Fuller é até que ponto pode-se classificar sua obra de “sustentável”? O catálogo e os textos da exposição insistiam e promover as invenções de Bucky Fuller como pioneiros da sustentabilidade já que ele inegavelmente buscava a eficiência na forma de construir mais com menos recursos.

me incomoda esta apropriação contemporânea de sua obra porque de certa maneira Fuller esteve a vida toda absolutamente imerso no paradigma mecânico-industrialista do século XX segundo o qual existe uma resposta eficiente para todos os problemas da humanidade. Pois foi esta crença no progresso tecnológico como panacéia que nos colocou neste buraco ecológico. Ao mesmo tempo em que a evolução tecnológica pode (e deve) resolver alguns dos problemas atuais, seguramente não resolve a todos.
Fuller projetou por exemplo uma cidade flutuante que poderia ser usada em caso de crise como um tsunami ou uma pandemia (só pra citar dois problemas recentes). Mas será esse o destino da humanidade, viver em casas provisórias e flutuantes fugindo da elevação dos oceanos ou da vaca-louca, aqui citados por serem tragédias causadas pelo próprio modelo industrial de produção produção produção.

será que a eficiência que Fuller tanto buscou não pode ser vista como uma forma melhor de aproveitar nosso tempo na terra, consumindo menos e conversando mais ao invés de querermos maximizar tudo?

como o mineirinho da piada, se é pra ter uma vida melhor e mais confortável pra que essa volta toda?



at the beginning of April I was in Chicago and went to see the exhibition on Buckminster Fuller mounted by the Museum of Contemporary Arts. Born in 1895, Fuller he was most visionary of all North American modern architects. Expelled from Harvard (for being caught with pornography, can you imagine!) Fuller worked in the Navy during the World War I and tried to run some of the family businesses (without success) before deciding that would be inventor. The Dymaxion prototypes of the 1930s(an super aerodynamic car and a house to be produced in industrial scale) got some notoriety and Fuller started his career of an erratic professor, moving from school to school while working in a variety of projects that joined industrialization and performance through elaborated geometries.

his most visible work was the U.S. pavilion in Montreal's 1967 WorldFair (the same one for which Moshe Safdie constructed the Habitat), a geodesic sphere of steel and acrylic with 62 meters of height and 76 meters of equatorial diameter.

what seems worth to debate about Fuller’s work is to what extent it can be classified as “sustainable”? The catalogue and the texts of the exhibition insistently promote the inventions of Bucky Fuller as pioneers of sustainability since it undeniably searched for efficiencies in form in order to build more with less resources.
but this contemporary appropriation of Fuller as “sustainable” bothers me because it is also evident that he was absolutely immersed in the mechanic-industrial paradigm of the 20th century, according to which there would be a technological response to all the problems of humanity. Besides, it was precisely this belief in technological progress as panacea that brought us such ecological mess. While technological evolution can (and must) resolve some problems, it surely cannot solve all. Fuller designed for instance a floating city that could be used in times of crisis such as a tsunami or a pandemic (to quote only two recent problems). But is that humanities future? To life in provisory cities escaping from the oceans rise of mad-cow disease, quoted here for being tragedies caused by the very same industrial model of production production production.

why couldn’t the efficiency that Fuller so decisively searched be seen as a better way to use our time in this life, consuming less and having more time for each other more instead of maximizing everything?

in Minas Gerais there’s a story of a man who was selling produce by the side of the road. Somebody stopped by trying to convince him to expand his business and he kept asking why? why a bigger stall? why a store? why a supermarket? why a franchise? until the visitor said that he would be able to leave comfortably and enjoy a peaceful life.

to which he then asked: why all the effort?

3 comments:

Ana Paula said...

Que bacana, eu confesso que não conhecia o arquiteto. E gostei especialmente das suas reflexões sobre tecnologia e sustentabilidade. Abs.

gabriel said...

por essas e outras lina bo bardi continua genial

ela não resolveu o problema, mas problematizou a solução

Fernando L Lara said...

tai Gabriel, gostei. Problematizar a solucao ja eh metade do caminho, certo? Por isso acho importante debater a sustentabilidade sem embarcar cegamente no movimento nem descarta-lo como modismo passageiro.

obrigado Ana Paula pelos comentarios, seus textos estao cada dia mais interesantes.