No inicio dos anos 60 Jane Jacobs revolucionou o urbanismo ao celebrar a diversidade e a vitalidade de Greenwich Village, onde morava, em Manhattan. Tendo nascido quase uma década depois da publicação do seu livro e morado 25 anos no Brasil, eu não pude conhecer o Village de que falava Jacobs. O que eu vejo agora é um bairro simpático mas extremamente gentrificado, cuja diversidade já minguou a muito tempo e não passa hoje de variações de moda sobre a mesma classe. No entanto, o processo de renovação e conseqüente getrificação continua a todo vapor.
Passar 5 dias em Fort Greene, Brooklyn, foi uma lição nesse sentido. O bairro onde ate 7 anos atrás motoristas de taxi se recusavam a pegar passageiros e algumas ruas eram off-limits ate para residentes, passa agora por um processo de reforma acelerado. Novos restaurants e wine-bars são abertos a cada mês, convivendo tranqüilamente com mercadinhos de coreanos e pizzarias de porto-riquenhos. Nas ruas, jovens profissionais com filhos pequenos buscando uma alternativa um pouco mais espaçosa e muito mais barata que Manhattan dividem espaço com uma classe media baixa que vive ali a meio século (desde que a área ficou barata e conseqüentemente barra-pesada nos anos 60) mas que aos poucos vai sendo expulsa pelos preços que sobem a medida que cada brownstone é reformado.
Mas por enquanto o resultado é bonito de se ver, com gente de varias etnias e varias faixas de renda dividindo as mesmas calcadas, os mesmos parquinhos, as mesmas mercearias. Um pouco da urbanidade que nos arquitetos adoramos celebrar depois que Jane Jacobs nos abriu os olhos em 1962 com Life and Death of the Great American Cities. Uma pena que a mesma dinâmica que faz das cidades espaços tão interessantes na inclusão, seja responsável também pela exclusão, por muros, distancia ou simplesmente preço. Mas quando reina a inclusão e a diversidade, ah como a vida fica mais rica.
Vou ter saudades da Fort Greene de 2007.