Monday, July 30, 2007

pão nosso de cada dia




de todas as iniciativas para a preservação do meio ambiente que eu ví nos últimos tempos nenhuma me chamou mais a atenção do que a embalagem de pão com mensagens ecológicas (foto), criado pela Rita Miranda da Casa Sol.

reciclável e biodegradável, a embalagem de pão leva as mensagens pra mesa de todo mundo sem sujar as ruas (como é o caso dos folhetos em geral) e faz de um utilitário sem graça uma ferramenta de disseminação de boas idéias.

aguardem uma embalagem tendo a conservação da água como tema

Friday, July 27, 2007

guia jovem para o consumo sustentável



para todos aqueles de alma jovem que sempre acreditam na possibilidade de mudar o mundo, vale a pena ler e difundir o Guia Jovem para o Consumo Sustentável, elaborado pelo
PNUMA, programa das nações unidas para o meio ambiente, que me foi apresentado pela Mercedes do Viver Sustentável.

Ela mesma disponibilizou a integra do documento em pdf, aqui.

Thursday, July 26, 2007

trinta e três a zero


em dia de goleada do galo pra receber mais um atleticano, esse blog presta uma homenagem à Marta e cia que não ganharam só mais uma medalha de ouro. Ganharam apesar de não ter campeonato. Ganharam apesar de não ter estrutura. Ganharam apesar de não ter apoio da poderosa CBF. Ganharam marcando 33 gols e tomando NENHUM!!

acorda Ricardo Teixeira !! acordem todos os cartolas!!

essas meninas podem encher os estádios e os olhos da gente, como fizeram hoje num Maracanã diante de 60 mil numa quarta-feira na hora do almoço.

em tempo, algum jogo do brasileirão já levou 60 mil ao estádio?

trinta e três a zero para elas.

Wednesday, July 25, 2007

crianças em casa

na comparação entre os usos do apartamento no Brasil e na Coréia, quase todos os quesitos deram resultados relativamente parecidos, com uma variação de cerca de 10% apenas.

a única exceção até agora analisada foi o tempo que as crianças passam em casa. Enquanto na Coréia as crianças passam menos tempo em casa do que os pais (13hs 45min para os menores, 15hs 33min para os maiores), no Brasil o resultado foi muito diferente. Os adultos que responderam nosso questionário relataram ficar em casa por cerca de 12hs 19min, enquanto que todos os menores de idade representados na pesquisa passam mais de 15 horas em casa (média de 16hs 52min).

explicação para isso temos muitas: a violência urbana prende as crianças dentro de casa. Escola em tempo integral também faz uma enorme diferença. Alem disso, reza a sabedoria popular que as crianças coreanas estariam estudando em boa parte das horas em casa. E as crianças brasileiras? Acompanhadas de Xuxa, Malhação ou Orkut?

Thursday, July 19, 2007

espaço onde e pra que?


continuando a série de posts comparando os apartamentos do Brasil com os da Coréia do Sul, escrevo agora sobre as áreas encontradas na nossa amostra de 20 aptos de cada país.


como já indicavam os questionários e agora foi confirmado pelo cálculo de áreas, os brasileiros estão investindo mais espaço nas áreas privativas em detrimento das áreas de convívio (ver gráfico acima). O fato das áreas de serviço (cozinha, área, lavanderia etc) serem maiores percentualmente no Brasil se justifica pelo fato de que uma parte significativa dos serviços domésticos - limpar, lavar, cozinhar e passar (esse último em extinção na maior parte do mundo menos por aqui) é feito em casa por uma diarista ou empregada doméstica. O fato das circulações serem maiores percentualmente na Coréia é reflexo da estrutura espacial coreana que geralmente divide dois quartos de um lado, salas no meio e quarto máster do outro lado, dobrando o número de corredores.

mas os quartos serem maiores no Brasil foram um resultado de certa forma surpreendente mas que confirma o resultado também surpreendente de que os brasileiros passam mais tempo nos quartos do que os coreanos.

em agosto estaremos tabulando os dados de Bombay e em setembro os de Moscou e eu não posso esperar para ver os resultados comparativos

Monday, July 16, 2007

do outro lado do atlântico


as vezes me pego reclamando que os europeus e norte-americanos não conhecem a arquitetura brasileira.

mas quantos arquitetos africanos nós conhecemos?

vale ler o que Sean Jacobs escreveu sobre David Adjaye, e ver algumas das suas obras.

Sunday, July 15, 2007

Brasil se escreve sempre com A



concordo que Dunga não é um gênio do futebol arte, como também não eram Felipão, Zagalo, Parreira e nem tampouco Vicente Feola que só escalou Pelé em 58 depois de muita insistência de outros jogadores.

concordo também que o Brasil de 82 foi fantástico, assim como a Holanda de 74 e a Hungria de 54.

mas há de se tirar o chapéu para uma seleção que foi a Venezuela sem várias estrelas que preferiram “descansar” (em tempo, os caras do vôlei acabarem de ganhar a liga mundial jogando todo dia e voltam a quadra ainda esta semana no Rio), estreou perdendo para o México e terminou massacrando a sempre favorita Argentina na final.

como escreveu hoje o La Nacion, “Brasil se escribe con B, pero nunca es B. Dos finales de la Copa América perdidas consecutivas son prueba suficientes para certificarlo”

que assim seja, independente do Dunga, para sempre.

Thursday, July 12, 2007

da energia das crianças



já faz algum tempo que eu pensava em fazer algum trabalho com crianças pra falar de arquitetura, meio ambiente, urbanismo e etecetera. Talvez por estar um pouco cansado de dar aulas para os grandinhos, lá se vão 13 anos dedicados ao ensino superior. Talvez por me encantar todo dia com a pessoinha que vive com a gente a 4 anos e meio. Talvez mesmo por acreditar que se quisermos mudar alguma coisa no mundo temos de ensinar às crianças e esperar 20 anos para que a mudança se efetive.

mas em resposta a estas angustias e outras obsessões (como o fato de que ainda não aprendemos a construir no tropico úmido de forma a evitar goteiras e infiltrações) resolvi por em andamento este projeto e fiz esta semana o primeiro workshop com meninos de uma creche aqui em BH. A metodologia não poderia ser mais simples: tirei fotos da rua onde fica a creche, transformei em um desenho só de linhas e pedi pra eles colorirem. A idéia era conversar sobre a paisagem feita de concreto, asfalto e muros, e pedir que eles imaginassem uma rua com plantas, grama, flores e etc…

imaginava que ia ser divertido mas não sabia que o resultado seria tão fantástico. Os meninos, carentes de quase tudo, não são nem um pouco carentes de idéias. Mostraram que entendem de chuvas, enchentes, ecologia e até aquecimento global. Embarcaram da idéia de imaginar como a cidade poderia ficar mais bonita e produziram desenhos lindos como o que ilustra este post.

e pra mim, acostumado à analise fria e por vezes cínica dos cursos de pós-graduacao, sobrou uma energia fantástica junto com a constatação de que mesmo diante das maiores dificuldades no presente reside a esperança de um futuro melhor.

Friday, July 6, 2007

o caos aéreo inverte todas as prioridades


Já faz tempo que viajar de avião virou sinônimo de pesadelo.
Também já estamos cansados de escutar tantas estórias de desinformação e desrespeito, seja nos aeroportos, seja dentro de aviões parados por horas na pista.
Mas na ultima quarta-feira dia 4 de julho o check-in da Gol em Guarulhos conseguiu superar em desrespeito e despreparo todas as minhas expectativas. Por volta das 10 horas da manhã formaram-se duas filas, uma do atendimento normal e outra dita “prioritária” para onde eram encaminhados idosos e passageiros com crianças de colo. Acontece que com apenas dois guichês atendendo às prioridades e oito atendendo a todos os demais, a fila normal andava muito mais rápido. Alertados, os funcionários da Gol responsáveis pela fila tentavam tapar o sol com a peneira dizendo que não, que a fila prioritária anda mais rápido e pronto. Até que a fila normal ficou absolutamente vazia (foto) e a prioritária tinha ainda umas 10 famílias. Chamamos o supervisor, de nome Eric, que questionado sobre que tipo de prioridade era aquela, respondeu com toda a delicadeza de um elefante em loja de loucas: Sou eu quem mando e a fila prioritária só pode ser atendida pelos guichês 19 e 20.
Diante da absurda constatação de que a Gol faz velhinhos e crianças esperarem MAIS que os outros passageiros, pelo menos serviu para esclarecer quem é que manda naquela bagunça toda. A que ponto chegamos.

Tuesday, July 3, 2007

fort greene


No inicio dos anos 60 Jane Jacobs revolucionou o urbanismo ao celebrar a diversidade e a vitalidade de Greenwich Village, onde morava, em Manhattan. Tendo nascido quase uma década depois da publicação do seu livro e morado 25 anos no Brasil, eu não pude conhecer o Village de que falava Jacobs. O que eu vejo agora é um bairro simpático mas extremamente gentrificado, cuja diversidade já minguou a muito tempo e não passa hoje de variações de moda sobre a mesma classe. No entanto, o processo de renovação e conseqüente getrificação continua a todo vapor.
Passar 5 dias em Fort Greene, Brooklyn, foi uma lição nesse sentido. O bairro onde ate 7 anos atrás motoristas de taxi se recusavam a pegar passageiros e algumas ruas eram off-limits ate para residentes, passa agora por um processo de reforma acelerado. Novos restaurants e wine-bars são abertos a cada mês, convivendo tranqüilamente com mercadinhos de coreanos e pizzarias de porto-riquenhos. Nas ruas, jovens profissionais com filhos pequenos buscando uma alternativa um pouco mais espaçosa e muito mais barata que Manhattan dividem espaço com uma classe media baixa que vive ali a meio século (desde que a área ficou barata e conseqüentemente barra-pesada nos anos 60) mas que aos poucos vai sendo expulsa pelos preços que sobem a medida que cada brownstone é reformado.
Mas por enquanto o resultado é bonito de se ver, com gente de varias etnias e varias faixas de renda dividindo as mesmas calcadas, os mesmos parquinhos, as mesmas mercearias. Um pouco da urbanidade que nos arquitetos adoramos celebrar depois que Jane Jacobs nos abriu os olhos em 1962 com Life and Death of the Great American Cities. Uma pena que a mesma dinâmica que faz das cidades espaços tão interessantes na inclusão, seja responsável também pela exclusão, por muros, distancia ou simplesmente preço. Mas quando reina a inclusão e a diversidade, ah como a vida fica mais rica.
Vou ter saudades da Fort Greene de 2007.

Sunday, July 1, 2007

90% de boas intenções, 10% de acerto


uma exposição no Copper-Hewitt Design Museum me atraiu pelo título: Design for the Other 90%.
O que deveria ser a celebração de idéias interessantes a serem usadas pelos 90% da população do mundo que normalmente não consome “design”, acabou se mostrando um amontoado de objetos que não fazem muito sentido juntos, e talvez nem separados. Como um filtro de cerâmica para resolver o problema da contaminação de água no terceiro mundo.... dãaaa, ninguém avisou pra eles que isto existe em qualquer armazém no Brasil. Ou pior, um abrigo para “day laborers”, imigrantes que ganham a vida fazendo qualquer trabalho que aparece e que normalmente se encontram no mesmo lugar todas as manhãs. Mas vejamos, pra que serve um abrigo se os lugares escolhidos já são a sombra de uma árvore ou debaixo da marquise de um posto de gasolina, e se desabrigados pela própria legislação e vítimas de repetida repressão policial, os migrantes mudam de “ponto” a cada semana.
Noutro momento “nada a ver” estava exposto uma enorme parábola de metal a ser usada para concentrar raios solares e fazer fogo ou ferver água, esquecendo-se de que tanto no Brasil quanto na Índia e na maior parte da África a população já tem tanto eletricidade quanto gás de cozinha.
Mas nem tudo foi bola fora na exposição, dois objetos fazem valer o ingresso e por coincidência os dois lidam com a questão da água. O primeiro um filtro portátil usado como um canudo de sucção que filtra a água diretamente do reservatório, seja ele qual for, para a boca. O segundo, disparado meu preferido, um galão de plástico com capacidade de 50 litros que pode ser puxado rolando (ver foto acima) para alivio de milhões de pescoços que ainda hoje carregam latas na cabeça.
Em resumo, uma exposição para fazer novaiorquino se sentir bem imaginando que o design pode salvar o mundo. Na maioria dos casos mostrados me pareceu que os designers não se deram muito ao trabalho de entender a complexidade do mundo real. Nos casos dos dois objetos descritos acima, tiro meu chapéu para quem os concebeu, tanto pela simplicidade quanto pelo impacto que podem ter pelo mundo a fora. Espero ver meninos rolando muita água morro a cima enquanto o saneamento não chega.