acabei de chegar de New Orleans onde fui falar que na America Latina temos o equivalente a um Katrina todo ano, e foi bom ver a cidade vibrante, bem melhor que a 3 anos atrás.
entender os limites da arquitetura perante a natureza é fundamental para percebemos o que podemos e o que não podemos fazer através do desenho. Mas pior que errar por prometer demais ou prometer de menos é errar por insistir num conceito ultrapassado e enterrar milhões numa obra errada em todos os sentidos.
pois foi isso que fez o popular governador das Minas Gerais. Errou feio e deixa um trambolho como legado da sua administração. Começando pela decisão de criar um campus administrativo a 15 km do centro, idéia que já foi testada antes na Bahia e no Paraná com resultados pífios. No momento em que centenas de edifícios no centro de BH tem ocupação de 20% (loja e sobre-loja valorizados, o resto vazio), o governo do estado estimula o esvaziamento ao transferir dezenas de milhares de funcionários dalí. Apesar de ser a favor da transformação da Praça da Liberdade em equipamentos culturais (não acredito que prédios com segurança controlando a entrada possam ser mais públicos que um museu ou uma sala de concertos), a decisão de mudar a administração estadual para longe do centro é um erro que vai causar muito dano a BH (deslocamento, esvaziamento, isolamento) e vai demorar muito para ser amenizado.
outro erro grosseiro foi chamar Oscar Niemeyer para o projeto. Prezados colegas oficiosos, ninguém avisou o governador que a idéia era furada? Qualquer arquiteto decente sabe que o genial velhinho não tem equipe há décadas. Mas no centro administrativo de MG ele bateu todos os recordes: fachadas envidraçadas para nascente e poente, volumes primários, pé-direito de 2,40m em algumas partes. Dois anos atrás eu tive a chance de ver os desenhos que a construtora recebeu de Niemeyer e fiquei chocado com o nível primário das plantas e a absoluta ausência de detalhes. Tenho pena de quem vai trabalhar lá.
em resumo, na ânsia de se fazer o JK do século 21, Aécio Neves conseguiu fazer a história se repetir como farsa.
I Just got back from New Orleans where I spoke about the tragedy of having the equivalent of one Katrina every year in Latin America. It was good to see the city vibrant again, very different from the last time I was there 3 years ago.
to understand the limits of architecture is fundamental for us, to know what we can and what we cannot achieve from drawings. But much worse than promising too much or too little is to insist on a antique idea and bury millions on a project that is wrong in every count.
unfortunately that’s what the governor of my beloved Minas Gerais just did. His decision of creating an administrative campus 10 miles from downtown, something already deemed as a failure, was bad at the root and bad all the way. In times in which hundreds of downtown buildings are only 20% occupied (storefronts only mostly), the state government makes it worse by transferring 12.000 employees to this campus: that means more congestion, more abandonment, more isolation.
the second big mistake was to invite Oscar Niemeyer. I wonder why nobody in the governor’s circle told him what we all know: that the genial centennial has no team in the last 2 decades. And in this project he might have done the worse job of his long and productive life. Glass facades facing east and west??!!! Ceiling heights of 8ft in many rooms??!!! Two years ago I had the chance to see the drawings he delivered and I was chocked with how poorly detailed and undeveloped the plans were. I have pity on those who will work there.
in summary, anxious to become the Kubitcheck of the 21st century, Aécio Neves made history repeated as a farce.
10 comments:
É necessário uma grande equipe por trás para no mínimo, conseguir fazer bem feito o que foi mal pensado, mas sabemos que já não é mais assim...
Não consigo entender. Aécio quiz montar um grande centro administrativo longe da cidade, descentralizador, e o Oscar nem para contestar?
Bem que ele podia ter dito que seria melhor fazer no centro mesmo e elaborar uma intervenção histórica no centro de BH, com uma belo projeto arquitetônico, mas acho que ele não se atualiza a muito tempo para saber como fazer isso!
Ótimo post Fernando, sem mais, afinal, tudo está explícito nas tuas palavras...
Abraço, continuo lendo!!!!
sobre o Aécio , político só pensa em construir para monstrar(ou tentar) trabalho, e quanto maior melhor, ainda mais se for um projeto do Oscar, talvez essa idéia subiu a cabeça deles, que nem pensaram na burrada que estavam fazendo, nem mesmo prestaram atenção aos erros do Oscar. que por sua vez... que vergonha, pé direito de 2,40? e Ricardo, com certeza a tempos o Oscar não se atualiza, pois em muitas obras dele a erros nítidos, que eu como estudante, e futura arquiteta fico pensando,"será que ele(oscar) é bom porque tem um nome, ou tem um nome porque é bom" me entende?
nem me fale dessa (mais uma) aberração...
Para complementar o assunto: http://ressonantegrao.blogspot.com/2010/03/folha-ao-mirar-o-futuro-aecio-acertou-o.html
http://ressonantegrao.blogspot.com/2009/11/aecio-minas-centro.html
http://ressonantegrao.blogspot.com/2009/11/minas-centro-administrativo-custo.html
Gostaria de parabeniza-lo pelo conteudo do blog.
Ava Gambel
http://thonilitsz.blogspot.com/
Oi Fernando,
recentemente discuti com amigos um ponto que, para mim e outros, era similar (guardadas as proporções) à Cidade Administrativa. Trata-se da Cidade da Copa, na região metropolitana do Recife, a 19km do Centro. A idéia, tal como em BH, é criar um equipamento urbanístico que direcione o crescimento da metrópole para o oeste.
Há incertezas sobre o alto preço do empreendimento, sobre o uso que será dado ao estádio construído depois da Copa (parece que nenhum dos 3 principais times da cidade irá assumí-lo), sobre o futuro das habitações planejadas ser de um 'conjunto habitacional' (conotação negativa), e sobre tudo isso não passar de 'intriga da oposição'.
Tão importante e que ninguém mais pensa a respeito é (dando certo ou não o futuro da Cidade da Copa): quais as consequências que ela trará para o Centro expandido, aumentando nossos limites territoriais enquanto temos lugares jorrando infra-estrutura (a ser melhorada ou não) e preocupantemente 'vazios'?
:)
Abraço,
A Disneylandia mineira é uma aberração, inclusive financeira. O tempo dirá se o vetor norte acompanhará as alucinações de hoje.
Oi Fernando!
Concordo totalmento com seu post! Fora as atrocidades que vc listou, fiquei sabendo de mais uma (dentre outras que ainda ficaremos sabendo)... Talvez vc já saiba, mas resolvi deixar escrito aqui, para quem ainda não sabe.
Depois das fachadas envidaçadas, voltadas para o nascente e o poente, que irão consumir uma energia absurda, com sistema de refrigeração, o pessoal resolveu se preocupar com a "questão ambiental" do edifício, e economizar alguns litros de água mensalmente. Para isto, foi feita a colocação do sistema de descarga de avião, em todos os vasos sanitários do centro administrativo, gerando um investimento altíssimo e sem previão de retorno.
Marina,
esta informação sobre o sistema de descarga é preciosa..... nos eprmite por exemplo saber quem ganhou uma fortuna de dinheiro com um sistema desnecessário quando existem tantas outras formas melhores de se tratar a questão das águas. Eu desconfio de que um sistema desses é mais caro que dobrar toda a metragem de canos para re-utilizar a água potável nas mesmas descargas por exemplo....
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