passei a semana com dois livros no criado-mudo que fazem bastante sentido juntos. Crude World: the violent twilight of oil escrito por Peter Mass e Traffic : why we drive the way we do (and what it says about us) por Tom Vanderbilt.
em Crude World (o título já é ótimo) Mass faz um retrato do rastro de destruição deixado pela industria do petróleo, do Alaska ao Equador passando pela Nigéria, pela Russia e é claro pelo Oriente Médio. Por todo lado a regra é o aumento da corrupção e da violência associado diretamente à descoberta de petróleo (a única exceção sendo a Noruega).
não sendo uma indústria que gera empregos na mesma escala do investimento inicial, a exploração de petróleo gravita em torno de um grupo limitado de “oilmen” cuja principal função produtiva é conseguir contratos de exploração a qualquer custo. E qualquer custo significa sustentar a família real saudita, os oligarcas russos ou chefes tribais nigerianos. E mesmo na ausência de corrupção e repressão o fluxo de capital do petróleo infla artificialmente a moeda local causando aos poucos o asfixiamento da industria pela dificuldade de exportação e facilidade de importação de bens de consumo e manufaturados.
em Traffic a questão é a demanda e não a oferta de gasolina e outros derivados. O século XX vaiprovavelmente ficar na história como uma época em que a parte mais rica da humanidade se isolava por horas a fio dentro de caixas móveis de lata para vencer uma necessidade muitas vezes artificial de deslocamento. Nosso deslumbramento com o automóvel é o mais poderoso motor da dependência em petróleo cuja brutalidade é retratada por Mass. O livro de Vanderbilt explora bastante as transformaçõescognitivas e psicológicas do ato de dirigir e sua influência nas relações humanas. Vanderbilt tem ainda um blog que vale a pena visitar pela variedade dos assuntos tratados.
do lado da demanda cabe ressaltar que o automóvel como solução de transporte de massa é absolutamente insustentável mas infelizmente continuamos a construir (e destruir) cidades para eles. Do lado da oferta, cabe uma nota de preocupação com toda essa euforia do pré-sal. Sermos independentes em energia é sem dúvida importante, mas a energia do futuro não vem de fósseis cozinhados no fundo do mar. Pior ainda, reservas abundantes de petróleo são na grande maioria das vezes uma maldição e não uma benção.
dado que podemos escolher que cidade queremos e que modelo econômico queremos (e lutar por eles) há de se ficar muito atento. A distância conceitual (e real) entre a Noruega e a Rússia não é assim tão grande.
I spent the week with two different books on related topics. Crude World: the violent twilight of oil writing by Peter Mass and Traffic: why we drive the way we of (and what it says about US), by Tone Vanderbilt.
in Crude World (the title is in itself excellent) Mass follows the path of destruction left by the oil industry, from Alaska to Ecuador passing by Nigéria, Russia and of course the Middle East.
everywhere the rule is an increase of on corruption and violence associated directly with the oil discoveries (the only exception being Norway). Not being an industry that generates jobs in the same scale of the initial investment, the exploration of oil gravitates around a limited group of “oilmen” whose main goal is to obtain exploration contracts at any cost. And by any cost he means supporting the Saudi royalty, the Russian oligarchs or Nigerians warlords. And even in the absence of corruption and repression the flow of capital from oil artificially inflates the local currency, causing to the slow death of local industry by making exports expensive and imports cheap.
in Traffic the question is on the demand side of our oil addiction. The 20th century will probably be known in history as a time in which the richest half of mankind isolated itself for hours each day inside metallic boxes to deal with an artificial need of dislocation. Our infatuation with the automobile is the most powerful engine of our addiction to oil whose brutality is well portrayed by Mass. Vanderbilt’s Traffic explores the cognitive and psychological transformations in the act of driving and its influence in all other human relations. Vanderbilt also has a blog that worth visiting for the variety of subjects discussed.
on the side of demand we know that the automobile as solution for mass transportation is absolutely unsustainable but unfortunately we continue to build (and destroy) cities for them.
of the side of supply, I am getting more and more concerned with all this euphoria with the Brazilian oil reserves. To be independent in energy is no doubt important, but the energy of the future does not come from fossils cooked in the depths of the sea. Worse still, abundant reserves of oil are almost always a curse and not a blessing.
given our ability to envision what city and what economy we want in the near future it is not too late to recall that the conceptual (as well as the real) distance between Norway and Russia it is not that big.
2 comments:
Caiu como uma luva a reportagem de hoje no G1: http://g1.globo.com/Noticias/Carros/0,,MUL1361733-9658,00-DAS+MAIORES+CIDADES+TEM+UM+VEICULO+PARA+CADA+DOIS+HABITANTES.html
Gostei do blog!
zeeero!rs
abrs
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